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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cárcere

Vivemos numa época na qual tornou-se muito fácil termos intimidade,no entanto, muito difícil tornarmo-nos intimos.Estamos envoltos por uma redoma de vidro onde ecoa somente o eco de nossas próprias vozes.
Será que as pessoas não conseguem nos ouvir? Ou será nossos pensamentos e vozes que ecoam e ecoam tornando imperceptíveis qualquer tipo de comunicação? E será que esse eco permite que ouçamos o outro também?
Tornamo-nos seres frustrados por causa dessa total clausura.
Esperamos que ALGUÉM nos resgate da masmorra de vidro na qual vivemos e preencha todo o nosso vazio existencial, porém, nem nos damos ao trabalho de tentar abrir a porta. Será que ela está trancada?
Quando descobre-se que não há alguém com essa fórmula mágica, a chave da masmorra,há apenas reles mortais com os mesmos medos, anseios e estão presos, talvez, na masmorra logo ali a frente, separados apenas pelo corredor e basta girar a maçaneta para abrirmos a porta, entramos em pânico e o primeiro ímpeto é ficarmos acuados com medo do que possa haver lá fora. Estamos acostumados com aquele habitat. Para que arriscar?
Como diria Cazuza: "Senhor piedade de quem não sabe amar, daqueles que vivem inventando paixões que caibam nos seus sonhos", ou seja, a masmorra, a prisão, o cárcere limitador.
Tirarmos nossas máscaras, mostrando quem realmente somos com toda a nossa bagagem: Medos, culpas, simplicidade, sonhos;sem transferirmos ao outro a responsabilidade pela nossa felicidade está cada vez mais difícil, por isso nos fechamos no cazulo de nossa existência.
E o que essa tal felicidade?
Não posso deixar de citar Aristóteles que disse: " A paixão é o maior dos vícios humanos, pois consiste em dois extremos: Fuga desesperada da dor e busca desenfreada do prazer."
Por tanto, no meu ponto de vista, a paixão é o sentimento mais egoísta que existe pois é uma via de mão única e não raro, andamos na contramão e atropelamos o outro. Pelo simples fato de não o enxergarmos. Se não o enxergamos, muito menos sabemos quem ele é, sente ou pensa e se esta estatelado no chão, machucado;Preferimos ignorar. Caçadores de novas paixões, num circulo vicioso,ora atropelando,ora sendo atropelado.
Já no amor, não há espaço para superficialidades.
No conto de Eros e Psiquê: Psiquê tira a máscara de Eros, e descobre que ele não é um monstro (a morte que deveria desposá-la), e sim o Deus do Amor, ao contrário do que suas irmãs intriguentas falavam.
O que há atrás da máscara? Só poderemos descobrir tirando-a. Para tal ato é preciso coragem.
Ah, a felicidade? Talvez seja aquele momento que poderia ser congelado e eternizado;se o tivéssemos percebido.

AMARAL,Janice

2 comentários:

  1. Poxa vida! Per-fei-to. Janice, penso da mesmíssima forma.

    PARABENS!

    www.eufaloagora.com

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  2. Obrigada Léo, sabia que iria se identificar com o texto.

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Sentimentos sao para serem expostos