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domingo, 29 de março de 2015

Imperativo categórico

Kant acreditava que a religião pautada na teologia era demasiadamente insegura , era necessária pô-la de lado ou até mesmo abandoná-la, acreditava que a conduta do Homem deveria ser pautada numa conduta moral, numa ética universal e necessária com princípios a priori de moral, tão exatos quanto a matemática. “A razão pura pode ser prática ; Isto é,pode, por si, determinar a vontade, independentemente de qualquer coisa empírica”. Critica da razão Prática p31 . Crenças e dogmas só tem valor na medida em que auxiliam no desenvolvimento moral do Ser Humano.
O que é que traz a culpa em nós? Como sabemos que isto ou aquilo está errado? O imperativo categórico que há em nós “Ages somente segundo aquela máxima que possas a todo tempo querer que se tornasse uma lei universal.”
Baseado na teoria acima, ele criou uma ética diferente de todas as outras onde os fins não justificam os meios e sim uma ética da alteridade, respeitando e valorizando o outro, independente do nosso desejo mas fazendo o que é certo de acordo com o exame da razão, dos juízos sintéticos a priori. É aquilo que determina se devemos ou não efetuar determinada ação. E esse agir, é um agir livre que independe de um estimulo externo ou lei estranha . A lei da LIBERDADE efetiva a ligação entre a razão teórica e a razão prática, unidas à obrigação moral. Para que a vontade possa querer por puro dever é necessário que ela seja legisladora de si mesma,ou seja, livre.
O caráter da necessidade e da universalidade conduz a ação. Por exemplo, devo mentir para amenizar uma situação de conflito, sendo que isso me trará benefícios e felicidade? A resposta para Kant é não. Ele não está preocupado com a própria felicidade mas com o DEVER e que se fizermos o que é certo seremos merecedores ou dignos da felicidade mesmo que no meio do caminho tenhamos alguns sofrimentos. A perfeição da alma esta acima da felicidade. Sendo assim podemos acreditar num Deus Superior e perfeito e na imortalidade da alma?
Numa época de grandes debates sobre a ética e relativização da mesma, Kant nos ilumina com uma ética que não há espaço para relativismo ou utilitarismo. São princípios morais em que temos a obrigação de fazer o que é certo, o DEVER pauta a nossa conduta. Uma ética em que devo priorizar o outro, se assim for o correto ao invés de priorizar os meus interesses, onde minha liberdade termina quando passo infringir a liberdade do outro. A alteridade virou uma palavra da moda mas na realidade é pouco aplicada no sentido prático.
As leis muitas vezes são violáveis por serem relativas e de múltiplas interpretações. Elas coagem a ação de fora para dentro, mas o DEVER moral não segue uma regra externa, mas o exame da razão.
No dia a dia é demasiado difícil seguir o imperativo categórico pois vivemos numa sociedade onde ser bom é ser otário, onde ser gentil é falsidade e quando tratamos alguém bem é por algum interesse. E nos filmes geralmente torcemos pelo bandido.
Ano passado houve exemplo de imperativo categórico que repercutiu na mídia: Um senhor encontrou R$ 600,00 no chão, junto um boleto nesse exato valor. O Cidadão foi até a lotérica pagou o boleto, pois o mesmo vencia naquele dia e postou no facebook o boleto pago, não para receber notoriedade, mas para tentar localizar o cidadão que perdeu o boleto e tranquilizá-lo. Se o cidadão que achou o dinheiro resolvesse ficar com o dinheiro, ninguém saberia. Mas como será que estaria a consciência dele?