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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Seu nome é Jonas

Esse semestre me matriculei na cadeira obrigatória de LIBRAS ( língua brasileira de sinais) e para minha surpresa o Professor dessa disciplina é surdo. No primeiro dia de aula fiquei preocupada de como seria para comunicarmo-nos, havia um intérprete que deixou claro que nas próximas aulas ele não estaria mais por ali. Vi as expressões assustadas de alguns colegas, e um deles levantou-se , pediu licença, saiu da sala e não apareceu mais nas aulas.
A comunicação está fluindo, o professor é maravilhoso e muito bem preparado para o cargo que ocupa. É mestre em Libras e leciona na Unisinos há cinco anos.Ontem ele levou um filme para assistirmos: MEU NOME É JONAS que relata a história de um menino surdo.
O filme se passa nos anos 80, e relata todo o preconceito que havia com relação a surdez naquela época. O menino foi diagnosticado como retardado erroneamente e mandado para um hospital que tratava crianças com problemas mentais. Depois de três anos nesse local descobriram que o problema dele era surdez. Ele voltou para casa já com seus sete anos de idade. Esse tempo que passou no hospital atrasou sua alfabetização e começou uma longa batalha para ele se comunicar com as pessoas. A escola normal proibia o uso das mãos para a comunicação, pois considerava preguiça de tentar ler os lábios e balbuciar as palavras. Ele desconhecia as palavras, os fonemas e era forçado a tentar repeti-las como um papagaio.
O preconceito era muito grande, amigos da família e até o próprio pai o taxavam de retardado, gritavam com o menino, mas ele continuava no seu silêncio. Na ignorância deles diziam: Se ele não conhece as palavras e não nomeia as coisas, então ele não pensa. Exceto seu avô que dançava com seu neto , carregava-o na garupa sem se importar com o problema. Sua mãe sofria porque não conseguia saber o que ele sentia. Ele tinha medo do Homem-Aranha, mas a mãe não conseguia explicar para ele que era apenas um brinquedo, que não precisava temer.
Certo dia Jonas jogava futebol com o irmãozinho mais novo e a bola correu para longe,Jonas foi buscá-la , avistou um carrinho de cachorro quente e correu para a mãe para pedir um, puxou ela mas quando chegaram no local o carrinho não estava mais lá e ele gritava porque não conseguia explicar para a mãe o que queria. O carrinho já estava longe, mãe e filho se abraçaram e choraram juntos.
Jonas foi visitar seu avô e estava brincando, dançando com ele, quando de repente o Senhor caiu no chão, todos vieram acudi-lo, a ambulância chegou, levaram-no para o hospital mas ele não resistiu ao infarto. Jonas observou tudo sem entender ,não sabia o que era a morte. No outro dia ele fugiu, pegou um ônibus e foi até a feira onde seu avô trabalhava, queria rever seu melhor amigo, não o encontrou. Saiu correndo dali, aturdido e acabou se perdendo. A policia o localizou e como Jonas não conseguia se comunicar e não sabia quem era aqueles homens, tentou fugir dos policiais, eles o carregaram a força e o levaram para um hospital psiquiátrico pois deduziram que ele era retardado e o amarraram numa cama até a chegada de sua mãe, que ficou furiosa por encontrá-lo amarrado como um bicho selvagem.
A partir daí a mãe decide que Jonas precisa se comunicar e decide procurar outros surdos. Encontra um casal que a convida para ir ao Clube dos Surdos e lá vê outra realidade, pessoas se comunicando por sinais, felizes, bebendo , escutando música(alguns conseguem ouvir alguma coisa e outros apenas sentem a vibração da música) e ali começa a aprender as primeiras palavras da linguagem de sinais.Percebe que o filho poderá levar uma vida normal. Tira Jonas da escola normal, já que não aceitavam uso das mãos para se comunicar e o leva para aprender com outros surdos.
Jonas ganha um professor surdo e estava, num primeiro instante, pouco interessado por aqueles gestos estranhos, até que vê a carrocinha e aponta para o desenho do cachorro quente estampado nela e o mestre o ensina o sinal que representa o objeto de desejo. Ele sorri e entende que uma nova realidade se abre e começa a apontar para os objetos para saber como representá-lo por sinais. Seu irmãozinho aprende junto, sua mãe também , e com muita alegria Jonas aprende a dizer MAMÃE . Chegam a beira de um rio e encontram uma tartaruguinha morta e o professor explica através de sinais que esta morta, ele então entende o que é a morte. Ele guarda a tartaruguinha no bolso e a entrega para sua avó como quem diz: Agora eu sei que o Vovô morreu. A Avó pergunta para o irmãozinho como se diz eu te amo através de sinais, ele a ensina e diz que Jonas também sabe e avó consegue dizer o primeiro EU TE AMO ao neto e os dois se abraçam...FIM
Não preciso dizer que derramei dois litros de lágrimas porque só entendemos o problema do outro quando presenciamos seu drama. Entendi o porquê dessa disciplina e confesso que me apaixonei. Admiro mais ainda o professor Carlos que nasceu surdo e superou todas as dificuldades, fez graduação, mestrado e hoje é um excelente mestre, mostrando que podemos conviver e nos adaptar com as diferenças. Basta abrir o coração.
O filme esta disponível no youtube para quem quiser assisti-lo.

AMARAL,Janice

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Movimente-se

Ontem resolvi ir para a aula de metrô. Tinha esquecido quanto é gostoso poder apreciar a paisagem e até mesmo ler um livro sem ter que me preocupar com trânsito; Sem falar na caminhadinha para chegar até o metrô e do metrô até a Unisinos, o que deve ter sido uns cinco quilômetros. Alguns devem estar pensando que eu sou maluca, para que passar trabalho?
O fato é que hoje em dia, pegamos o carro até para ir à padaria da esquina, o sedentarismo tomou conta e depois que compramos o primeiro carro não queremos “passar trabalho” de jeito nenhum. Ônibus e metrô são coisas do passado. Deve ser por isso que o trânsito está um caos e a cada dia as pessoas estão mais obesas e estressadas.
Quando somos adolescentes e não temos grana nem para o ônibus, andamos quilômetros a pé e nem sentimos e por isso sempre magrinhos. Uma vez eu disse para a professora da academia: “-Depois dos trinta o nosso metabolismo desacelera, é mais difícil emagrecer” e ela respondeu: “Quem desacelera somos nós, não vamos nem na padaria a pé, pensa o quanto você se movimentava quando tinha vinte anos.” Confesso que fiquei com vergonha e concordei com ela.
Também tem o ponto de vista econômico, a passagem de metrô custa R$1,75, quanto custaria a gasolina para fazer o mesmo trajeto de carro? Para voltar da aula havia um central direto na porta da Unisinos, a passagem custou R$3,75, menos que o valor do estacionamento da universidade que custa R$4,00. Levei quinze minutos para chegar em casa, cinco minutos a mais que levaria se tivesse voltado de carro e desci praticamente na porta do meu prédio. Sem falar que é muito mais seguro. Quarta-feira passada quando estava indo para aula tranquilamente bateram no meu carro, nada além do susto e danos materiais, mas o que gera um estresse tremendo. Não que não possa ocorrer com o ônibus mas o risco é menor e podemos vir tranquilamente lendo um bom livro, sem a tensão do trânsito e com motorista particular.
Sei que existem vários pontos desfavoráveis para aqueles que são resistentes a ideia, tais como: De carro eu vou e volto a hora que quero e mais rápido ; os transportes públicos estão sempre lotados; Cheiro de sovaco;Coisa de pobre e assim por diante. São apenas desculpas para deixar a preguiça de lado e movimentar-se. Nos países de primeiro mundo o metrô e ônibus são os principais meios de transporte.
Comece, movimente-se, ande de ônibus, trem, metro, bike,nem que seja uma vez por semana. Saia do sedentarismo, desafogue a BR, aprecie a paisagem, leia um bom livro, relaxe os ombros,desapegue-se,economize, compartilhe um sorriso.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Síndrome de Gabriela...

"Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim... Gabriela...Sempre Gabriela”
Quantas vezes repetimos: Eu sou assim e não vou mudar, quem quiser aceitar que aceite.
O fato é que não viemos para esse mundo para agradar os outros. E se tentarmos fazer isso iremos pirar porque nunca conseguiremos agradar a todos. A síndrome de Gabriela pode prejudicar a nós mesmos porque tudo muda o tempo todo e se não nos adaptarmos a mudança fatalmente iremos sofrer. Insistir sempre nos mesmos erros para afirmar que: “Eu sou assim” só trará sofrimento. Não estou dizendo que temos que ser uma metamorfose ambulante ou para corrompermos a nossa essência mas que podemos mudar e melhorar de acordo com as nossas vivências.Segundo o filósofo Heráclito: “Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras.” Para ele Tudo flui e nada permanece; tudo se afasta e nada fica parado. Você não consegue se banhar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras sempre vão fluindo e você já não é o mesmo quando entra no rio pela segunda vez. É na mudança que as coisas acham repouso.
Quantas coisas mudaram desde os anos 80 até aqui, o mundo tecnológico, as brincadeiras das crianças já não são as mesmas, o mercado de trabalho que exige formação superior e há pouco tempo o ensino médio apenas bastava, as concepções de famílias, os tipos de relacionamentos, enfim são infinitas mudanças e como podemos acreditar que somos sempre os mesmos, que não mudamos. Temos que mudar para nos adaptarmos as mudanças.
Certo dia meu irmão falou que as pessoas pioram com o tempo, eu acredito que o processo natural é o aperfeiçoamento da alma. Concordo em partes com ele porque tentamos ter o controle de tudo e se algo não sai como planejado e não adaptamo-nos às mudanças, e não mudamos nossa forma de agir e pensar , tornamo-nos amargos e frustrados. E ao contrário, se aceitamos as mudanças e aprendemos com elas, amadurecemos e evoluímos. Mas tudo gera uma mudança para pior ou para melhor.
Se fizermos uma reflexão: Somos iguais ao que fomos há cinco anos? No meu caso, perdi alguns medos, e obtive outros. Aprendi a controlar meus impulsos, mudei alguns valores, passei a priorizar coisas que antes não tinham importância. Já não sou mais a mesma e essas mudanças aconteceram não porque quis mas porque é um processo natural para acompanharmos todas as mudanças do mundo.

"Tudo muda exceto a própria mudança."Heráclito



quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Experiência e o saber da experiência

Não costumo postar textos que não sejam de minha autoria , mas o texto do autor Jorge Larrosa aborda o contexto da nossa era da informação, por isso fiz uma síntese e espero ter sido fiel a ideia do mesmo.
O autor faz uma abordagem diferente do senso comum ou do que aprendemos como experiência. O senso comum tem como base para experiência aquilo que foi vivido, indiferente do que foi pensado e extraído dessa vivência, ou experimentos científicos, dados empíricos, puramente objetivos. Ele aborda que o excesso de informação e agilidade que tudo acontece hoje,nos impede de vivermos experiências reais, que seria a auto reflexão, a introspecção, aquilo que constrói a nossa subjetividade.Com o excesso de objetividade do mundo moderno, onde o conhecimento técnico é algo utilitarista para e puramente troca monetária, seria paradoxal a construção de uma subjetividade. O objetivo é termos conhecimento, no sentido de informação e opinarmos sobre isso, sem que isso nos provoque uma catarse. É algo imediato, momentâneo e logo passamos para próxima informação, para a próxima opinião sem que isso nos tenha causado nada de experiência. São sentimentos efêmeros e volúveis.
Larrosa enfatiza o poder das palavras nesse processo transformador: “Eu creio no poder das palavras, na força das palavras, creio que fazemos coisas com as palavras e também que as palavras fazem coisas conosco. As palavras determinam nossos pensamentos porque não pensamos com pensamentos, não pensamos de acordo com uma suposta genialidade ou inteligência, mas a partir de nossas palavras. Pensar é dar sentido ao que somos e ao que nos acontece”. Ele afirma que as palavras com que nomeamos o que somos, o que fazemos, o que percebemos e o que sentimos são mais que palavras. Por isso é necessário o controle, saber o significado e silenciar certas palavras.
Ele busca a etimologia da palavra experiência que significa em várias línguas “o que nos passa” e o que nos passa requer percepção, requer silêncio e não opinião. A falta de memória e silêncio são inimigos mortais da experiência. Ao sujeito da era da informação, do estimulo, tudo o excita, tudo o agita, tudo o choca mas nada lhe acontece. O objetivo é ser informante e informado e essa obsessão pelo saber, não traz sabedoria.
O excesso de trabalho também impede a experiência. Não raro, confundimos trabalhar com adquirir experiência. O sujeito moderno além de ser o sujeito informado que opina, e vive em constante movimento, é um ser que trabalha que condiciona o mundo a sua vontade. Esta sempre desejando produzir algo, regular algo. Não podemos parar e por não podermos parar não nos acontece nada, nada nos passa.
Para o autor a experiência requer que algo nos aconteça ou nos toque e isso requer parar: parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, escutar mais devagar; parar para sentir, se ater mais nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, aprender a escutar os outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.
O sujeito da experiência tem paixão, ele sente, sofre, padece e se transforma. Ele é passivo, receptivo, mas não quer dizer que não aja ,um agir calmo e coerente, com sabedoria.
A experiência é uma abertura para o desconhecido, para o que não se pode antecipar nem “pré-ver”, nem “pré-dizer”.
O que posso concluir é que autor relata exatamente o que vejo nas páginas sociais, um tribunal popular onde todos julgam, acusam ou defendem baseados na informação sem qualquer comprometimento se aquilo é verdadeiro ou falso. E puxando a brasa para o meu assado, a filosofia tem exatamente este objetivo, amor à sabedoria, a reflexão, a introspecção, questionar “verdades” prontas. Através do poder das palavras e sua força transformadora ela tem como objetivo incentivar as pessoas a pensarem por si mesmas, por isso, possui mais perguntas do que respostas.
Deixando a opinião de lado, o texto serve para longa reflexão: Será que estamos tendo experiências?


Fonte :
Artigo: Notas sobre a experiência e o saber de
Experiência
Jorge Larrosa Bondía
Universidade de Barcelona, Espanha
Tradução de João Wanderley Geraldi
Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Lingüística

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Para onde vão as pessoas quando morrem?

Ontem fiquei sabendo da morte de um colega da filosofia, muito querido por todos.
Desde 2012, encontrávamos em duas ou três aulas, ou seja, um contato de três vezes por semana. Sabe aquele cara centrado, disciplinado e inteligente.O cara era engenheiro e cursava filosofia por amor ao conhecimento, era um entusiasta nas aulas. Os professores o adoravam. Eu ficava embasbacada quando ele dizia que acordava as 05h30min da manhã para ler os livros indicados pelos professores, depois cumpria sua jornada de trabalho, no final da tarde corria dentro da Unisinos e tranquilamente ia para aula, participava dos debates, pois havia feito a leitura dos textos indicados e não havia nele qualquer sinal de cansaço e pasmem , nos finais de semana participava de maratonas de até 40km. Motivava a todos para participarem das corridas.Nas férias ele aproveitava para iniciar as leituras do semestre seguinte. Eu ficava cansada só de pensar em acordar antes das 07h00 da manhã, cinco minutos de sono é algo que não abro mão, ou seja, eu estava sempre correndo atrás da máquina para fazer todas as leituras e dar conta da faculdade e trabalho e de vez em quando fazer um treininho na academia, se sobrasse tempo, algo que administro muito mau.
Num desses semestres que estudamos juntos , eu estava a beira de um surto psicótico e ele na sua sabedoria percebeu e me perguntou o que estava ocorrendo, eu disse que não estava dando conta de tanta leitura, que meu trabalho estava me exigindo bastante e ele tranquilamente me aconselhou: -“Desacelera, leva a vida mais de boa, não precisa ler o livro inteiro, leia apenas o que vai ser debatido em aula e quando sobrar tempo você lê o restante com calma. Não se cobre tanto.” Fiquei pensando : Nossa! Como ele consegue fazer tanta coisa ao mesmo tempo e manter esta serenidade? Sabedoria que só vem com a maturidade. Ele deveria ter uns 50 anos de idade no máximo. Eu chegava em casa e comentava com o meu marido sobre ele e de como eu gostaria de ser assim, tão disciplinada. Era uma disciplina sem dor, sem cobrança, automática.
No semestre seguinte ao conselho resolvi testar seus ensinamentos e por incrível que pareça, aumentei o numero de disciplinas e meu aproveitamento foi muito maior, apenas desacelerando e me cobrando menos.
No primeiro dia de aula desse semestre , ele não estava, estranhei porque nunca faltava a aula. O professor comentou algo , que ele havia mandado uma mensagem dizendo que estava com um problema no joelho mas que já havia lido cem páginas da leitura indicada para o seminário de Hegel, mesmo hospitalizado.
Sexta-feira a noite havia uns recados no facebook para ele ter força, que logo iria correr mais maratonas. Pensei em ligar me solidarizando e decidi: Segunda-feira eu ligo.
Ontem , segunda-feira, na hora do almoço fiquei sabendo através de um colega sobre seu falecimento, estava almoçando, não consegui mais comer.O estômago embrulhou.
Como assim? Alguém com tanta disposição, um atleta, morrer. Um colega falou que foi câncer de pulmão. Ele não fumava, tinha uma alimentação saudável. Sei lá, vai entender.
Enfim, como já falei em textos anteriores a morte não costuma agendar. Não espere o outro dia para ligar para alguém. Ela é indiferente a todo o nosso cronograma. Não importa quantos livros ainda tenhamos para ler, quantas maratonas nós pretendamos correr, quantos objetivos tenhamos para alcançar. Do colega fica apenas bons exemplos, boas recordações de um sorriso tímido e de um olhar compreensivo, de uma palavra certa.
Para onde vão as pessoas quando morrem?
Espero que ele esteja num lugar bonito e que tenha alguns filósofos para trocar ideias.