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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

A mudança de valores do homo laborans em tempos de Pandemia

Hannah Arendt previu uma sociedade convertida em trabalhadores, homens condicionados à saciedade de suas necessidades primárias e outros escravos de necessidades criadas, necessidades materiais e de consumo. A vida ativa imposta como virtude primordial do ser humano. Virtude colocada acima das atividades contemplativas, tais como,o pensar. Sendo assim, condicionados a um automatismo e como consequência, sem senso crítico, facilmente manipuláveis. No entanto, no último capitulo da Condição Humana ela aborda o processo histórico e a perda de fé do homem pós “era medieval” que pôs em dúvida a imortalidade. O que remete ao momento em que vivemos diante de uma pandemia, o que se coloca em xeque agora, é nossa mortalidade. Agora lutamos pelo mero estar vivo, a certeza do amanhã se esvaiu. Para ela ao perder a certeza do amanhã, o homem é arremessado para dentro de si mesmo. Ele sai do mundo exterior, no qual, nem certeza tinha de que era real e submerge em sua interioridade. Ao se dar conta da realidade do mundo e do seu otimismo acrítico, ele é empurrado para sua interioridade fechada da introspecção e o máximo que pode experienciar seriam processos vazios de cálculos da mente, um jogo da mente consigo mesma. Restando apenas apetites e desejos , anseios sem sentidos de seu corpo , considerados “não razoáveis” por não poder “razoar”com seus cálculos. Essa consciência súbita da imortalidade, de que o dinheiro não compra tudo ou dinheiro nem se quer pode ser usufruído neste momento e nas populações mais vulneráveis a incapacidade de manter sua própria subsistência têm gerado crises de pânico e, muitos casos de suicídio. Um recente artigo publicado no Lancet Psychiatry discute a situação da atual pandemia de Covid-19 e, dentro de suas consequências, especula sobre um possível aumento nos índices de suicídio. Quanto mais a doença se espalha, mais efeitos de longo prazo podem ser sentidos em diversas áreas da vida. O isolamento trouxe essa imersão do homem dentro de si mesmo, para Arendt antes da noção de imortalidade nenhuma das capacidades superiores do homem era necessária para conectar a vida individual à vida da espécie; a vida individual torna-se parte do processo vital e o necessário era trabalhar para garantir a vida de cada um e de sua família. Tudo o que não fosse exigido como ciclo da vida era posto como supérfluo. Uma sociedade entorpecida por sofrimentos individuais, mas que sucumbiam essas dores num tipo de comportamento “funcional”. Para Arendt uma carapaça de aço. O pensamento posto como cálculo podendo ser facilmente substituído por máquinas. A alteridade (alteritas) apresenta-se na presente obra como um aspecto importante a ser observado ,a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o ser humano social interage e é interdependente do outro. Arendt afirma, a existência do "eu-individual" só é permitida mediante um contato com outro, pois se trata de algo que ocorre somente na pluralidade humana, sendo que todas as definições são distinções, na qual não podemos dizer que uma coisa é, sem distingui-la de outra. Analisando desta forma, um dos aspectos mais marcantes da complexidade da condição humana é certamente o caráter “paradoxal” dessa “pluralidade de seres únicos”, desse “viver como um ser distinto e único entre iguais”(ARENDT, 2014, p. 223). E isso está ocorrendo mesmo no isolamento, pois ainda assim somos plurais. No contexto político neoliberal houve resistência em abrir mão do trabalho para auto preservar-se. O capital posto acima da vida humana por muitos lideres mundiais foi ponto de partida para um pensamento critico da sociedade. Parte dos membros da sociedade homo laborans obrigaram-se a colocar em segundo plano suas profissões, tida como a própria vida, em prol da manutenção da vida biológica e estes foram arremessados dentro de si mesmo, conscientizando-se de seu total individualismo. Observando o contexto pandêmico mundial parece ter havido uma quebra de paradigmas, na qual, podemos enxergar coisas positivas, como por exemplo,o abandono desse individualismo, a pratica da alteridade como desmoronamento desse sofrimento isolado, colocamo-nos ante a dor do outro. Houve mudança de valores por parte de muitos integrantes da sociedade, estes passam a elevar a escala do valor da vida humana, esta passa a ser mais importante do que gerar capital e também a busca pelo autoconhecimento torna-se indispensável para a convivência consigo mesmo no isolamento social. Sendo assim um pouco mais de humanidade na humanidade. Ao contrário da solitude, condição de quem se isola propositalmente ou está num período de reflexão e de interiorização, o isolamento imposto pela pandemia do COVID-19 foi algo abrupto, imposto. A maioria não estava preparada para estar a sós consigo mesmo e encarar suas feridas ou seu completo esvaziamento de sentido. E por meio desse esvaziamento ou nadificação possibilitou-se construir uma nova subjetividade com mais empatia e valores humanos. Hannah Arendt finaliza sua obra com uma frase de Catão que serve para refletirmos sobre o contexto atual : “Nunca se está mais ativo que quando nada se faz, nunca se está menos só que quando se está consigo mesmo.”

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Na contramão…

Ando anestesiada observando o caos que estamos vivendo em nossa sociedade, inerte. Falamos em progresso da sociedade, mas achamos insignificante o autodesenvolvimento, a autorreflexão. Tudo me parece muito raso, a maioria não quer saber de “textão”. É preferível frases prontas e curtas e delas tiram suas próprias conclusões. E lógico, nada pode ser contrário ao que pensam. Afinal, a opinião é que vale. Será?
As redes sociais deram voz para pessoas que se aprofundam em nada, não pesquisam um ponto vista contrário aos seus, em livros, artigos científicos de pessoas que dedicaram a vida pesquisando determinados temas, afinal para que serve a ciência, se posso montar minha própria tese baseado no achismo? E para que ler se já tenho uma opinião? Porque opinião não é conhecimento. Senso comum não é conhecimento. E por tudo ser muito raso, quando acaba o argumento, começam os ataques pessoais. O importante é ter “RAZÃO”, nosso ego precisa vencer a disputa, não há uma troca de conhecimentos, uma busca pela verdade, um ponto comum, um consenso.
Vejo tanta intolerância em pleno Século XXI, tantas coisas bizarras, palavras agressivas. Rasgaram os livros de história, cuspiram na cara dos filósofos, humilham os professores, pisoteiam nos miseráveis, oprimem os “diferentes”. Tiraram as máscaras da falsa polidez, do politicamente correto, soltaram seus monstros internos. A ignorância vem vencendo o conhecimento. E a ignorância tem seguidores fanáticos, disfarçados de pessoas de bem. E há quem dirá que isso é papo de comunista, sem ao menos pesquisar o conceito dessa palavra.
Enquanto isso, eu ando na contramão, com medo de ser esmagada pela multidão cega, surda, mas que tem voz. Desvio, cambaleio e sigo em frente.
Creio que a única forma de mudar esse contexto é através da educação e a mesma vem sendo desmantelada. Professores sem voz, escolas sucateadas, universidades desmoralizadas por pessoas que nunca, se quer, frequentaram uma universidade. Será que isso tem algum propósito? Tire suas próprias conclusões.
Enfim, esse é apenas um ponto de vista, o ponto de vista reles professora de filosofia com insônia pensando sobre : O que será do nosso futuro?

AMARAL, Janice


quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Bioética- James Rachels

Bioética-Rachels
No livro Elemento da Filosofia Moral de James Rachels ele conceitua a filosofia moral como uma tentativa de alcançar um entendimento sistemático da natureza da moralidade e do que ela exige de nós.
O primeiro capítulo desenvolve uma discussão sobre a natureza da moral. Faz isso se utilizando de três exemplos práticos nos quais a decisão moral não é simples.Irei discorrer sobre o primeiro exemplo, o caso da bebê Teresa ,bebê anencefálico, este caso é apresentado em toda a sua complexidade e dificuldade de resolução.
Nesse caso da bebê Thereza, uma menina que nasce com anencefalia, os pais decidiram doar os órgãos da menina, no entanto, essa prática não foi autorizada porque a lei da Flórida proíbe a retirada de órgãos até a morte do doador e baseados em vários argumentos. Nove dias após o seu nascimento a menina morreu e seus órgão não puderam ser doados.
Argumentos filosóficos foram utilizados pelos médicos para não atenderem ao pedido dos pais:
Primeiro: Não devemos utilizar as pessoas como meios para fins de outras pessoas.
Segundo: É antiético matar a pessoa A para salvar a pessoa B
Especialistas utilizaram o argumento do Benefício para justificar o pedido dos pais:
O Argumento do Benefício: A sugestão dos pais baseou-se na ideia de que, como Theresa não tinha chances de viver e morreria brevemente que outra criança poderia se beneficiar dos seus órgãos. O raciocínio: Se pudermos beneficiar alguém, sem causar danos a ninguém, deveríamos proceder assim. O transplante beneficiaria outras crianças sem prejudicar Theresa.
Esse argumento é válido já que para Theresa continuar viva não traria benefício algum e doar os órgãos beneficiaria outras crianças.
Argumentos Contrários:
Pessoas não devem ser utilizadas como meios:
Primeiro: É errado usar as pessoas como meios para fins de outras, e retirar os órgãos de Theresa seria usá-la em benefício de outras crianças.
Usar pessoas normalmente envolve violação de autonomia , que envolve trapaça, fraude ou coerção.
No caso de Theresa ela não é um ser autônomo, jamais seria; É incapaz de tomar qualquer decisão por si própria.
Nesse caso há duas diretrizes:
O que poderia ser feito para seu próprio bem?
Nesse caso a doação seria a retirada dos órgãos, pois seus interesses nãos seriam afetados
E se ela pudesse escolher o que ela diria?
Nesse caso jamais saberíamos, e a decisão tem de ser tomada por ela, e fazermos o que acharmos melhor.
Argumento do Erro em Matar:
Especialistas em ética apelaram para o argumento que é errado matar uma pessoa para salvar outra e retirar os órgãos de Theresa seria matá-la para salvar outras vidas, eles afirmaram, eles afirmaram então matar seria errado.
O argumento é válido?
A proibição de matar está entre as regras morais mais importantes. No entanto há controvérsias, algumas exceções são justificáveis. No caso de Theresa:
- Ela morrerá brevemente de qualquer forma;
- A retirada de órgão traria algum benefício para outras crianças;
Poder-se-ia considerar que a bebê já estivesse morta? Poderíamos considerar a morte cerebral?
Pessoas acéfalas não preenchem as exigências técnicas para a morte cerebral, mas essa definição deveria ser redefinida já que elas não possuem cérebro ou cerebelo e sendo assim a retirada dos órgãos não seria considerado matá-la.
O autor considera o argumento de doações de órgãos mais fortes que os contrários, este também me parece o argumento mais relevante.

Liberalismo e socialismo e as correntes Feministas


O presente trabalho tem como objetivo apresentar alguns aspectos do socialismo e do liberalismo na teoria política contemporânea e suas correntes feministas, assim como afinidades e contrapontos na perspectiva feminista de Diana Maffía. Para entendermos melhor será necessário discorrer sobre as duas linhas ideológicas e suas funções sociais.
Liberalismo
Antes de apresentar o ponto de vista de Diana Máffia sobre o liberalismo é necessário discorrer um pouco sobre o contexto histórico. John Locke foi um filósofo inglês do século XVIII que exerceu muita influência sobre todo o pensamento político desde então. Um dos aspectos importantes da filosofia de Locke foi o conceito de “tabula rasa”, a ideia da “folha em branco”. Segundo este filósofo, todas as pessoas nascem sem qualquer ideia ou conceito. Isto quer dizer que não nascemos sabendo o que é certo ou errado, o que é bonito ou feio, entre outras coisas. Ninguém quando nasce já sabe se existe Deus ou não, qual a forma certa de educar os filhos ou qual o lugar que deve ocupar na sociedade. Tudo o que sabemos na vida, seja o que for, aprendemos com a educação, com a convivência, isto é, socialmente. Fora da vida social não se aprende nada. É senso comum que em determinado ponto do desenvolvimento do homem, este se juntou para formar o Estado. As teorias mais recentes dizem que depois de viver por dezenas de milhares de anos em bandos nômades, os humanos, provavelmente por fatores climáticos, não encontraram mais abundância de caça e viram como alternativa a prática mais intensiva da agricultura – eles já conheciam o processo de semear e colher certos vegetais. Com a prática mais intensiva da agricultura tiveram que se fixar em determinada região, perto de um lago ou rio, onde houvesse abundância de água. Ali, provavelmente, cada um foi tomando conta de um pedaço de terra e iniciando a plantação. O tempo foi passando e outras famílias se fixaram na região. As relações sociais foram se tornando cada vez mais complexas; era necessário criar certas regras sobre como trocar produtos, (o que vale mais a cevada ou o sal?), como evitar fraudes e roubos, como defender propriedades de estrangeiros mal intencionados, etc. Foi nessa hora que os homens daquela aldeia se reuniram, foram pra casa do mais forte (ou o que tinha mais armas) e o elegeram chefe, rei, protetor, legislador, ou algo assim. A teoria da formação do Estado, segundo Locke. Este dizia que os homens antes de se juntarem para formar um Estado, de acertarem o “contrato social”, já tinham certos “direitos naturais”, ou seja, direito à propriedade, à liberdade e à defesa. Quando os homens voluntariamente se juntaram para formar um Estado, não queriam abrir mão destas liberdades que já detinham antes. É por este motivo que em um Estado não podem existir opressores e oprimidos. Locke dizia que as injustiças começam quando certos grupos passam a ter mais poder econômico (propriedade) e com isso dominam o governo e a sociedade. Locke foi chamado de liberal porque era a favor da liberdade para todos os súditos, já que vivia em uma monarquia. Hoje em dia pode parecer uma coisa banal e evidente, mas no século XVIII isto não era nada comum. Salvo a Inglaterra e talvez a Suíça e a Holanda, o restante da Europa (e do mudo) era constituído por reinos absolutistas. O Brasil nesta época era uma colônia abandonada e explorada por uma monarquia decadente e absolutista. Baseado em sua visão da formação do Estado, Locke também estabeleceu que o fundamento do Estado fosse à liberdade, considerando o fato de que todos são iguais perante a lei, de que todos têm direito à felicidade, à liberdade e de decidir que rumo dar às suas vidas, desde que não prejudiquem a liberdade do outro indivíduo. John Locke nos permite pensar sobre conceitos banalizados e por isso esquecidos, como liberdade individual, direito à propriedade e legalidade de um governo. Trazendo o pensamento de Locke para os nossos dias, podemos nos dar conta de quanto suas ideias ainda não foram totalmente colocadas em prática. O feminismo teoricamente se aplicou à luta pela busca de igualdade de gênero, onde homens e mulheres poderiam exercer a mesma função e receber o mesmo salário para isso buscou colocar a mulher como sujeito ativo da sociedade indo muito além de sua predestinação ao casamento e a maternidade (ambos praticamente impostos pela sociedade patriarcal).
O problema segundo Diana Máfia é que muito antes do contrato social celebrou-se um implícito contrato sexual que atribuiu às mulheres o trabalho emocional e doméstico. A divisão entre público e privado agradava apenas aos patriarcas e esses mesmos que estabeleciam as ditas leis liberais. E de outro lado, os “períodos de mudanças” progressistas como Renascimento, a Revolução Francesa e algumas revoluções que se pretendiam libertadoras para a humanidade foram profundamente regressivas para as mulheres. A critica feminista ao liberalismo contemporâneo impugna a armadilha que o ideal de cidadania encerra construído pela justa medida dos patriarcas ficando asseguradas a estrutura da família tradicional e a preeminência do homem.
Socialismo
As grandes transformações econômicas, políticas e sociais que ocorreram na Europa no fim do século XVIII e início do século XIX, foram acompanhados por teorias e doutrinas que buscavam condenar ou reformar a ordem capitalista burguesa. Estruturaram-se então as teorias socialistas, vinculada a um novo ramo da ciência, economia política. Com a industrialização e o êxodo rural, com o predomínio dos latifúndios no campo e das fábricas nas cidades, onde vivia grande número de miseráveis, a Inglaterra adquiria uma nova configuração social. Não existia nenhuma legislação trabalhista, as jornadas de trabalho nas fábricas, instaladas em locais insalubres, eram na maioria superiores a 14 horas. Além das condições sub-humanas de trabalho, os operários enfrentavam enormes dificuldades em época de guerra, como as do período napoleônico, quando a fome se disseminou pelo continente europeu, em consequência dos elevados preço dos gêneros alimentícios. Mais grave ainda era o efeito provocado pelo emprego cada vez maior de máquinas no processo produtivo, onde o trabalho humano ficava sujeito a uma menor remuneração. O descontentamento só aumentava, a medida que cresciam as razões para os conflitos, prenunciando uma revolução social. Surgiram as primeiras organizações trabalhistas que buscavam organizar as lutas das classes operárias, sendo vistas como organizações criminosas pelos industriais. As reações operárias aos efeitos da Revolução Industrial fez surgir críticos que propunham reformulações sociais para a criação de um mundo mais justo, eram os teóricos socialistas. Entre os vários revolucionários, o mais célebre teórico socialista foi o alemão Karl Marx, com passagem pela França e pela Inglaterra. Marx testemunhou as transformações sociais decorrentes da industrialização. Com a colaboração do pensador, também alemão, Friedrich Engels, às vésperas da Revolução de 1848 na França, publicou o Manifesto Comunista. Nele Marx critica o capitalismo, expõe a história do movimento operário e termina com o apelo pela união dos operários no mundo todo. Em 1867 publica sua mais importante obra O Capital, onde sintetiza suas críticas à economia capitalista, o que causou nas décadas seguintes uma revolução na economia e nas ciências sociais. Pra Marx, as condições econômicas e a luta de classes são agentes transformadores da sociedade. O triunfo do proletariado e o surgimento de uma sociedade sem classes seriam alcançados pela união da classe trabalhadora organizada em torno de um partido revolucionário. 8 A tradição do socialismo revolucionário parte de uma perspectiva diferente. Marx e Engels, em escritos que datam de 1848, mostraram que a opressão sobre as mulheres não surgiu da cabeça dos homens, mas do desenvolvimento da propriedade privada e, com ele, da emergência de uma sociedade de classes. Para eles, a luta pela emancipação das mulheres é inseparável da luta pelo fim da sociedade de classes, isto é, da luta polo socialismo. Marx e Engels também fizeram notar que o desenvolvimento do capitalismo, baseado nas fábricas, trouxe profundas mudanças na vida das pessoas e, especialmente, na vida das mulheres. Foram reintroduzidas na produção, de onde tinham sido progressivamente excluídas.
A primeira sugestão é o desmascaramento da paródia de universalismo do sujeito eurocêntrico. Segunda sugestão é através das práticas desenvolvidas nos movimentos feministas na busca por novas formas de exercício de distribuição de poder e distribuição social, desarticulando as dicotomias que dificultam a criação de novas alternativas.
CONCLUSÃO:
Tanto o Socialismo quanto o liberalismo possuem afinidades e contra pontos aos movimentos feministas, no entanto, a luta da mulher vai, além disso, quando falamos de igualdade, falamos da condição humana, como seres pensantes, como trabalhadoras, como ser humano que possui subjetividade que independe de ideologia. Somos parte da sociedade, parte do mundo, parte da história. Somos simplesmente humanas, femininas acima de feministas e nem por isso somos frágeis. A prevalência da força física masculina não desmerece a força da alma da mulher que luta pela sua família, para ter independência financeira, que ainda cuida dos filhos com amor. As mulheres vêm mostrando seu valor através da história e acredito que através do exemplo que nós mostramos nossa força. É através de ações que mudamos o mundo e a história.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Reale, Giovanni, Antiseri Dario, História da Filosofia Vol. II, Paulus Editora: São Paulo, 1990, 889 pgs.
História da Civilização Ocidental Vol I, Editora Globo: Porto Alegre, 1971, 5

Movimentos Feministas

O feminismo teoricamente se aplicou à luta pela busca de igualdade de gênero, onde homens e mulheres poderiam exercer a mesma função e receber o mesmo salário para isso. Buscou colocar a mulher como sujeito ativo da sociedade indo muito além de sua predestinação ao Casamento e a maternidade (ambos praticamente impostos pela sociedade patriarcal).
Falar em feminismo, se autoproclamar feminista, leva a determinados preconceitos, como relacionar a feminista a mulheres que não se relacionam com homens, a mulheres mal resolvidas consigo mesmas, ou até se cogita que a mesma é uma luta sem sentido, visto que para a grande maioria da sociedade a mulher já ocupou todos os espaços sociais que o homem circunda. Agora falar de feminismo sem falar sobre o preconceito contra as mulheres, até mesmo de filósofos que consideravam a mulher intelectualmente inferior ao homem fica difícil de explanar uma perspectiva sobre ao assunto.
No presente trabalho abordarei alguns problemas ainda presentes em nossa sociedade no que tange os movimentos feministas.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No livro Arthur Schopenhauer e a Arte de Lidar com as Mulheres fica claro o preconceitos contra a mulher disseminado no decorrer da história. Arthur Schopenhauer nasceu em Danzig, no dia 22 de fevereiro de 1788. Filho de comerciante e uma poetisa.
Desde a Grécia antiga passando pelo período medieval a mulher foi considerada inferior ao homem e deveria ser submissa a ele. Para Schopenhauer as mulheres são seres por natureza inferiores e são culpadas pelas desgraças do mundo e por perpetuar a espécie. Que sua beleza dura tempo suficiente para atrair o macho a fim de reproduzir-se.
Lembrando que Schopenhauer era um filósofo considerado pessimista e tinha sérios problemas de relacionamento com sua mãe, uma poetisa renomada com uma vida um tanto quanto promíscua após a morte de seu pai.
Para ele a mulher é uma mera distração do Homem para fugir do tédio que caem em suas armadilhas de sedução. E elas são o exemplo maior de vontade e falta de controle, pois só servem para gastar o dinheiro dos maridos. Se não fosse a Mulher a Humanidade seria extinta e esse seria o melhor dos fins.
Esse é apenas um ponto de vista, de um filósofo bastante conhecido e estudado e também considerado um pessimista. O fato é que esboça com grande força o que muitos homens contemporâneos pensam sobre as mulheres.
Os movimentos feministas surgiram para mostrar que apesar da mulher ter suas limitações físicas com relação ao homem, intelectualmente elas são iguais ou até mesmo superiores em muitos aspectos e reivindicando seus direitos.
O Projeto de Lei 5069/2013 prevê que as vítimas de estupro só poderão receber atendimento hospitalar após a realização de um exame de corpo de delito, realizado pelo Instituto Médico
Legal, depois de terem registrado queixa na polícia. Além disso, só considera violência sexual os casos que resultam em danos físicos e psicológicos. Hoje, a lei brasileira considera violência sexual qualquer forma de atividade sexual não consentida. Além disso, a proposta remove do atendimento de saúde os tratamentos preventivos como a pílula do dia seguinte e o coquetel anti-HIV, o fornecimento de informações às vítimas sobre os direitos legais e todos os serviços sanitários disponíveis a ela. No Brasil, casos de estupros são um dos poucos em que o aborto é permitido por lei. O projeto em questão acaba com esse direito, com o argumento de que pretende “refrear a prática do aborto, que vem sendo perpetrado sob os auspícios de artimanhas jurídicas, em desrespeito da vontade amplamente majoritária do povo brasileiro”.
PROJETO DE LEI Nº 2013 (Do Senhor Eduardo Cunha e outros) Acrescenta o art. 127- A ao Decreto-Lei no. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal O Congresso Nacional decreta: Art. 1º. O Decreto-Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) passa a vigorar acrescido do art. 127-A, com a seguinte redação: “Anúncio de meio abortivo ou induzimento ao aborto Art. 127-A. Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto, induzir ou instigar gestante a usar substância ou objeto abortivo, instruir ou orientar gestante sobre como praticar aborto, ou prestar-lhe qualquer auxílio para que o pratique, ainda que sob o pretexto de redução de danos: Pena: detenção, de quatro a oito anos. § 1º. Se o agente é funcionário da saúde pública, ou exerce a profissão de médico, farmacêutico ou enfermeiro: Pena: prisão, de cinco a dez anos. 2º. As penas aumentam-se de um terço, se é menor de idade a gestante a que se induziu ou instigou o uso de substância ou objeto abortivo, ou que recebeu instrução, orientação ou auxílio para a prática de aborto."


Dados do Fundo das Nações Unidas para as Mulheres:

SAÚDE
Apesar do aumento na proporção de mulheres que receberam assistência pré-natal, a África Subsaariana sozinha registrou 270 mil mortes maternas em 2005, isto é, metade das mortes maternas no mundo.
EDUCAÇÃO
Em nível global, a taxa de meninas em idade escolar matriculadas na escola primária aumentou de 79 para 86% no período de 1999 a 2007. Mas na África Ocidental e Central existia uma das menores taxas do mundo, com menos de 60% das meninas em idade escolar, matriculadas na escola.
As meninas representam 54% das crianças em idade escolar fora da escola (58% em 1999). A proporção de meninas fora da escola é maior nos Estados Árabes: 61%.

TRABALHO
Os salários das mulheres representam entre 70 e 90% dos salários de seus colegas masculinos.
“O emprego vulnerável” – trabalho por conta própria e contribuição para o trabalho familiar – é predominante na África e na Ásia, especialmente entre as mulheres. Esses trabalhadores sofrem com a precariedade e falta de redes de segurança. As mulheres ainda são raramente empregadas em trabalhos com status, poder e autoridade, e em ocupações tradicionalmente masculinas.
A maternidade continua a ser uma fonte de discriminação no trabalho. Mesmo com a legislaçã protegendo a maternidade, muitas mulheres grávidas ainda perdem seus empregos, e processos nesta área são comuns nos tribunais.
PODER E TOMADA DE DECISÃO
Chefes de Estado ou de Governo são cargos que ainda são quase que “imperceptíveis” para as mulheres. Em 2009, apenas 14 mulheres no mundo ocupavam estas posições. (pág.117) Em apenas 23 países as mulheres compõem uma massa crítica – mais de 30% – na câmara baixa de seu Parlamento nacional.
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

As mulheres são submetidas a diversas formas de violência: física, sexual, psicológica e econômica – tanto dentro como fora de suas casas. Taxas de mulheres vítimas de violência física pelo menos uma vez na vida variam 12% a mais de 59%, dependendo de onde vivem.
A mutilação genital feminina mostra uma ligeira diminuição na África.
MEIO AMBIENTE
As mulheres nas zonas rurais da África Subsaariana são geralmente responsáveis pela coleta de água. Uma viagem de ida e volta para a fonte de água leva em média uma hora e 22 minutos em áreas rurais na Somália e uma hora e 11 minutos em áreas rurais na Mauritânia.
A maioria das famílias na África Subsaariana e no Sul e Sudeste da Ásia utilizam combustíveis sólidos para cozinhar ou fogões tradicionais sem chaminé, afetando desproporcionalmente asaúde das mulheres.
CONCLUSÃO
A luta por melhorias continua:
No Brasil dentre os números alarmantes de violência sexual, doméstica e de uma sociedade extremamente machista, basta lembrarmo-nos das pesquisas do ano passado sobre como o brasileiro entende o estupro, caminhamos na sanção de uma nova lei a fim de proteger as mulheres vítimas de violência O crime chamado de feminicídio, assassinato de mulheres, passa a ser considerada hediondo. A intenção é que as punições e as medidas preventivas se tornem mais efetivas, assim como a lei Maria da Penha trouxe uma diminuição de 10% dos casos de violência doméstica, pretende-se intimidar os agressores de forma mais eficaz. No entanto, os movimentos feministas estão longe de resolver todos os problemas, mas a mobilização de toda a sociedade e leis que protejam os direitos da mulher caminham a passos lentos.
Acredito que a aproximação entre teoria e ação pode acelerar a eficácia dos movimentos feministas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DURANT,Will. A História da Filosofia, Coleção os pensadores. Editora Nova
http://mmbiodireito.jusbrasil.com.br/artigos/249369712/a-lei-9434-97-e-o-aborto-de-fetosanencefalos
http://www.unifem.org.br/003/00301009.asp?ttCD_CHAVE=126144)
http://www.unifem.org.br/

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Sobre opiniões e ideologias diferentes das nossas...

Não entendo o porquê é tão difícil aceitar que uma pessoa pense diferente da nossa forma de pensar?Por que é tão difícil aceitar que não precisamos pensar todos da mesma forma? Pessoas são criadas de formas diferentes, com valores diferentes. Então por que não respeitamos a forma como o outro pensa, sendo que esta não influencia na sua vida?E por que temos tanta certeza que nossa forma de pensar é a correta?Confesso que tenho dificuldade de entender isso. Parece que estamos vivendo a “Santa inquisição” novamente onde todos são julgados o tempo todo por seus valores morais. E se houvesse fogueira para os ditos infames, tenho certeza que muitos aplaudiriam e se regozijariam e ainda se autodenominariam os benfeitores da sociedade.
O facebook substitui a velha janela dos linguarudos de plantão, e os fofoqueiros apontam os “defeitos” alheios, ao invés de cuidarem de suas próprias vidas. Hipócritas de plantão com seus celulares em punho não perdem a oportunidade de filmar as “falhas alheias”.
Se não houvesse pluralidade de ideias, não haveria evolução no pensamento humano.
Como é fácil julgar sem mostrar o rosto, destilar veneno, ódio e rancor. Assisto tudo sem entender os porquês. Talvez Freud pudesse explicar o mal-estar atual da sociedade. O Fato é que ainda nos prendemos a moralismos, ou melhor, falso moralismo, às ideias retrógradas de progresso a custo do sofrimento alheio. São apenas pontos de vistas diferentes, no entanto, todos têm a liberdade de aceitar ou não, se isso for interferir no seu livre arbítrio ou qualidade de vida.
Será que existe uma solução para tanta intolerância? De fato, creio que enquanto formos constituídos de convicções absolutas e não estivermos abertos a ideias novas e um questionamento de nossos próprios conceitos de “verdades” a intolerância irá continuar. Por outro lado se abrirmos nossa mente, o olho invisível da alma, para ouvirmos pontos de vista diferentes dos nossos, quem sabe não podemos aprender um pouco mais,ampliar nosso mundo, expandir nossos horizontes e criarmos mais empatia com o próximo?

domingo, 26 de agosto de 2018

SOBRE A BREVIDADE DA VIDA

Sêneca foi um dos mais importantes filósofos romanos. Também era político, escritor e dramaturgo. Nasceu no ano 4 a.C. e viveu até o ano 65 D.C e pertencia a escola de filósofos estoicos.
Neste tratado sobre a brevidade da vida, uma epístola (carta) escrita para Paulino, tem no título a clareza do texto. Alguns pontos são destacados por Sêneca, como a não compreensão da natureza, o modo de vida regada a vícios e prazeres, o excesso de trabalho, homens muito ocupados, entre outras analises, críticas e ironias. Tendo como objetivo levar a mudança da concepção do tempo em relação à vida e os movimentos que ela faz em nossa volta.
Sêneca fala sobre a brevidade da vida de uma maneira bem simples, sem muito apelo a termos complexos da filosofia. O que mais fascina, da obra, é como os temas tratados são tão atuais, tendo em vista que a carta foi escrita logo no primeiro século depois de Cristo e estamos em pleno século XXI e as ideias permanecem atuais.
Sêneca explica que o tempo de vida que a natureza nos dá é pequeno se comparado com outros animais, já que conseguimos ver no máximo três ou quatro gerações da nossa família.
Ao mesmo tempo ele cita que o nosso tempo de vida é enorme, e a sensação de brevidade se deve ao fato de fazermos mau uso dele, tal como uma pessoa que herda uma grande riqueza e por ser uma má administradora de recursos gasta-a de forma inapropriada.
"A vida se divide em três períodos: aquilo que foi, o que é e o que será. O que fazemos é breve, o que faremos, dúbio, o que fizemos, certo."
Outra ideia interessante é a de que contamos nossa idade por anos de existência e não anos de vida. “Vivemos” pouco nesse período entre o nascimento e o dia atual, pois se descontarmos o tempo que ficamos doentes, resolvemos problemas alheios ou insignificantes, o tempo gasto no trabalho, enfim, tudo aquilo que não foi dedicado 100% a felicidade, ao aproveitamento pessoal, foi perdido.
E de que nada adianta se privar da vida agora e adiar a alegria para o futuro, quando não temos mais a mesma força e aproveitamento de quando éramos mais jovens.
"Muito breve e agitada é a vida daqueles que esquecem o passado, negligenciam o presente e temem o futuro. Quando chegam ao fim, os coitados entendem, muito tarde, que estiveram ocupados fazendo nada."
Sêneca dá uma aula do porque gastamos um bem tão precioso que é o tempo de vida com pormenores, que trocamos uma vida cheia de possibilidades por uma existência nula e fracassada.
"Não julgues que alguém viveu muito por causa de suas rugas e cabelos brancos: ele não viveu muito, apenas existiu por muito tempo."
Seu modo de vida foi questionado, pois entrava em contradição, muitas vezes, com suas teorias. Pagou com a própria vida e morreu de forma lenta e dolorosa, tendo tempo para refletir e ainda ditar cartas para seus discípulos.

TRAÇOS FILOSÓFICOS NA OBRA
Difícil distinguir se é uma obra filosófica ou literária, pois trata de questões profundas sobre a natureza ,vida, morte, modos de vida, porém ele trata desses assuntos de forma literária, fluida, sem a densidade de algumas obras filosóficas.