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sábado, 22 de novembro de 2014

A saudade tem o dom do esquecimento


Fico pensando o quanto é interessante isso, o quanto a saudade tem Alzheimer . Esquecer as coisas ruins e lembrar apenas das coisas boas. Isso geralmente acontece quando nos afastamos de pessoas que realmente tínhamos imenso carinho e admiração ou amor e que em algum momento ela nos decepcionou, frustrou nossas expectativas e por vários motivos que com o tempo esquecemos , acabamos ceifando a convivência.
O fato é que muitas vezes, depois de determinado tempo passamos a nos perguntar o que aconteceu de fato? Ao menos, eu sou assim, não guardo mágoas e acabo lembrando apenas das coisas boas. No entanto, se houve um afastamento é porque a convivência se tornou insuportável em algum momento e justamente para manter essas memórias é necessário esse afastamento ou a ruptura de convívio. Amigos, irmãos, namorado são pessoas que nos conhecem ou que acham que nos conhecem e por isso tomam a liberdade de ferir, de julgar e, na maioria das vezes, erroneamente.
Diante dessas pessoas que amamos ou julgamos que amamos o excesso de intimidade pode ser invasivo pois são baseados na emoção e não na razão. E sentimentos podem ser nocivos.E como disse uma sábia colega:"o coração dos homens é enganoso.”
O respeito é como um copo que depois de quebrado não há como consertar. Por isso esquecer não é saudável porque a ofensa uma vez permitida sempre se repetirá no momento da emoção e o melhor é manter o afastamento para preservar as lembranças, assim como um idoso com Alzheimer lembra apenas de seu passado glorioso.
E quanto aquele velho jargão de que o coração tem razões que até a própria razão desconhece serve apenas de muleta para justificar nossa irracionalidade

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Aprendi...

Aprendi que um olhar revela a alma por isso devemos olhar nos olhos...
Aprendi que um abraço pode aliviar uma dor e abrandar um coração, por isso devemos abraçar mais e derrubar barreiras...
Aprendi que a vida ,ás vezes, exige da gente mais do que podemos dar mas que temos que lutar com unhas e dentes na disputa pelo “V” de vitória, enfrentar nossos medos e que não importa que você não tenha conseguido dessa vez ,isso não o torna um fracassado, o que importa é que você não desistiu da batalha e lutou até o último instante com todas as tuas forças...
Aprendi que na arena da vida as batalhas devem ser disputas em equipe, que cada pessoa possui uma habilidade e que nós também temos as nossas habilidades e podemos contribuir e cada um faz a diferença no final.
Aprendi que por mais que estejamos feridos e que essa ferida seja tão profunda não estamos sozinhos e se permitirmos, sempre haverá alguém para nos carregar no colo e cantar uma linda canção de ninar, que as pessoas podem dar amor sem pedir nada em troca e que isso as fará felizes.
Aprendi que aquilo que realmente é importante é invisível aos olhos;
Aprendi que por mais que um caminho seja escuro, não precisamos ter medo pois sempre haverá uma mão para nos guiar...
Aprendi que nos últimos cinco minutos da nossa vida o que realmente importará será ter as pessoas que amamos ao nosso lado para segurar a nossa mão, e que tal, começar a demonstrar isso hoje.
Aprendi que o dia mais feliz da minha vida, não foi o dia que eu comprei o meu apartamento, meu primeiro carro ou ingressei na faculdade , foi ver o sorriso de alguém que amo após ter uma segunda chance. E que o dia mais triste não foi quando levei uma bronca do chefe, quando perdi o emprego ,quando rompi um romance ou quando bati o carro mas quando eu vi a pessoa que eu mais amava fraquejar e chorar.
Aprendi que ao compartilhar uma dor e uma alegria estamos aliviando a alma...e percebemos que todos tem suas dores e suas alegrias..
Aprendi que escutar, ás vezes, é muito mais importante que opinar ou julgar...
Aprendi que há uma criança dentro de cada um, pronta para ser resgatada para passear mãos dadas , andar de cavalo alado, flutuar em nuvens de algodão doce, rir até a barriga doer e dançar como se ninguém estivesse olhando e no final agradecer pelo adulto que você se tornou.
Aprendi que é preciso ser adulto também, que temos que tomar as rédeas da nossa vida, planejar nossos passos, prestar atenção nos detalhes e que aquele que te cobra e que, ás vezes te pune nem sempre é carrasco , esta apenas te protegendo das lições que a vida pode te dar.
Aprendi que temos muitos sentimentos negativos dentro de nós mas que eles podem ser sublimados e utilizados a nosso favor como combustível para conquistar nossos objetivos.
Aprendi que se não controlarmos nossas emoções elas irão nos controlar.
Aprendi que as maiores lições não estão nos livros, e que não importa o seu nível cultural,as maiores lições são extraídas do livro da vida...
Aprendi que temos uma ferramenta preciosa, na qual devemos saudar nosso dia e essa ferramenta fará com que superemos qualquer obstáculo: O AMOR é nossa maior ferramenta para o sucesso.
Aprendi que hoje é o dia mais importante da minha vida e que dele depende o meu amanhã e as sementinhas que eu irei plantar serão os frutos que irei colher.
Aprendi que há pessoas generosas, que se preocupam mais com o próximo do que consigo mesmas e que não importa quão grande seja seus problemas que ao ajudar o próximo esses problemas ficam pequenos e insignificantes.
Aprendi que essa ferramenta poderosa chamada AMOR pode ser utilizada para levar alegria para outras pessoas.
Aprendi que podemos renascer e acordar para um novo mundo, o mundo que tanto almejamos e que só depende de nós.
Aprendi que tenho tanto para aprender.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Irrelevâncias

Ando escrevendo pouco: Falta de tempo, correria do dia a dia; Preguiça mental. Todas essas seriam desculpas para o meu desleixo mas o fato é que estou apenas observando tudo o que acontece e vendo que o que escrevo não possui qualquer relevância diante da realidade ou daquilo que apreendemos como real.
Primeiro: Não dá lucro logo não serve para nada.
Segundo: Textos normalmente possuem mais do que cinco linhas logo perde-se tempo para lê-los e tempo é dinheiro.
Terceiro: Não abordo assuntos polêmicos baseados no achismo para conquistar leitores, isso torna a leitura desinteressante.
Quarto: Não tem apelo pornográfico,nem se referem a vida alheia, sem isso é chato, não é?
Quinto: É necessário reflexão e isso dói e ninguém quer sofrer.
Então vamos continuar vivendo a sociedade do espetáculo onde nossos políticos não possuem formação acadêmica e são desprovidos de qualquer nível intelectual e cultural. Sendo que para qualquer vaga de vendedor(não estou depreciando a profissão, apenas um exemplo) exige-se nível superior e inglês fluente. E para quem irá governar o país é exigido o quê?
Vou me limitar a essas poucas linhas , quem sabe alguém leia até o final.




quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Seu nome é Jonas

Esse semestre me matriculei na cadeira obrigatória de LIBRAS ( língua brasileira de sinais) e para minha surpresa o Professor dessa disciplina é surdo. No primeiro dia de aula fiquei preocupada de como seria para comunicarmo-nos, havia um intérprete que deixou claro que nas próximas aulas ele não estaria mais por ali. Vi as expressões assustadas de alguns colegas, e um deles levantou-se , pediu licença, saiu da sala e não apareceu mais nas aulas.
A comunicação está fluindo, o professor é maravilhoso e muito bem preparado para o cargo que ocupa. É mestre em Libras e leciona na Unisinos há cinco anos.Ontem ele levou um filme para assistirmos: MEU NOME É JONAS que relata a história de um menino surdo.
O filme se passa nos anos 80, e relata todo o preconceito que havia com relação a surdez naquela época. O menino foi diagnosticado como retardado erroneamente e mandado para um hospital que tratava crianças com problemas mentais. Depois de três anos nesse local descobriram que o problema dele era surdez. Ele voltou para casa já com seus sete anos de idade. Esse tempo que passou no hospital atrasou sua alfabetização e começou uma longa batalha para ele se comunicar com as pessoas. A escola normal proibia o uso das mãos para a comunicação, pois considerava preguiça de tentar ler os lábios e balbuciar as palavras. Ele desconhecia as palavras, os fonemas e era forçado a tentar repeti-las como um papagaio.
O preconceito era muito grande, amigos da família e até o próprio pai o taxavam de retardado, gritavam com o menino, mas ele continuava no seu silêncio. Na ignorância deles diziam: Se ele não conhece as palavras e não nomeia as coisas, então ele não pensa. Exceto seu avô que dançava com seu neto , carregava-o na garupa sem se importar com o problema. Sua mãe sofria porque não conseguia saber o que ele sentia. Ele tinha medo do Homem-Aranha, mas a mãe não conseguia explicar para ele que era apenas um brinquedo, que não precisava temer.
Certo dia Jonas jogava futebol com o irmãozinho mais novo e a bola correu para longe,Jonas foi buscá-la , avistou um carrinho de cachorro quente e correu para a mãe para pedir um, puxou ela mas quando chegaram no local o carrinho não estava mais lá e ele gritava porque não conseguia explicar para a mãe o que queria. O carrinho já estava longe, mãe e filho se abraçaram e choraram juntos.
Jonas foi visitar seu avô e estava brincando, dançando com ele, quando de repente o Senhor caiu no chão, todos vieram acudi-lo, a ambulância chegou, levaram-no para o hospital mas ele não resistiu ao infarto. Jonas observou tudo sem entender ,não sabia o que era a morte. No outro dia ele fugiu, pegou um ônibus e foi até a feira onde seu avô trabalhava, queria rever seu melhor amigo, não o encontrou. Saiu correndo dali, aturdido e acabou se perdendo. A policia o localizou e como Jonas não conseguia se comunicar e não sabia quem era aqueles homens, tentou fugir dos policiais, eles o carregaram a força e o levaram para um hospital psiquiátrico pois deduziram que ele era retardado e o amarraram numa cama até a chegada de sua mãe, que ficou furiosa por encontrá-lo amarrado como um bicho selvagem.
A partir daí a mãe decide que Jonas precisa se comunicar e decide procurar outros surdos. Encontra um casal que a convida para ir ao Clube dos Surdos e lá vê outra realidade, pessoas se comunicando por sinais, felizes, bebendo , escutando música(alguns conseguem ouvir alguma coisa e outros apenas sentem a vibração da música) e ali começa a aprender as primeiras palavras da linguagem de sinais.Percebe que o filho poderá levar uma vida normal. Tira Jonas da escola normal, já que não aceitavam uso das mãos para se comunicar e o leva para aprender com outros surdos.
Jonas ganha um professor surdo e estava, num primeiro instante, pouco interessado por aqueles gestos estranhos, até que vê a carrocinha e aponta para o desenho do cachorro quente estampado nela e o mestre o ensina o sinal que representa o objeto de desejo. Ele sorri e entende que uma nova realidade se abre e começa a apontar para os objetos para saber como representá-lo por sinais. Seu irmãozinho aprende junto, sua mãe também , e com muita alegria Jonas aprende a dizer MAMÃE . Chegam a beira de um rio e encontram uma tartaruguinha morta e o professor explica através de sinais que esta morta, ele então entende o que é a morte. Ele guarda a tartaruguinha no bolso e a entrega para sua avó como quem diz: Agora eu sei que o Vovô morreu. A Avó pergunta para o irmãozinho como se diz eu te amo através de sinais, ele a ensina e diz que Jonas também sabe e avó consegue dizer o primeiro EU TE AMO ao neto e os dois se abraçam...FIM
Não preciso dizer que derramei dois litros de lágrimas porque só entendemos o problema do outro quando presenciamos seu drama. Entendi o porquê dessa disciplina e confesso que me apaixonei. Admiro mais ainda o professor Carlos que nasceu surdo e superou todas as dificuldades, fez graduação, mestrado e hoje é um excelente mestre, mostrando que podemos conviver e nos adaptar com as diferenças. Basta abrir o coração.
O filme esta disponível no youtube para quem quiser assisti-lo.

AMARAL,Janice

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Movimente-se

Ontem resolvi ir para a aula de metrô. Tinha esquecido quanto é gostoso poder apreciar a paisagem e até mesmo ler um livro sem ter que me preocupar com trânsito; Sem falar na caminhadinha para chegar até o metrô e do metrô até a Unisinos, o que deve ter sido uns cinco quilômetros. Alguns devem estar pensando que eu sou maluca, para que passar trabalho?
O fato é que hoje em dia, pegamos o carro até para ir à padaria da esquina, o sedentarismo tomou conta e depois que compramos o primeiro carro não queremos “passar trabalho” de jeito nenhum. Ônibus e metrô são coisas do passado. Deve ser por isso que o trânsito está um caos e a cada dia as pessoas estão mais obesas e estressadas.
Quando somos adolescentes e não temos grana nem para o ônibus, andamos quilômetros a pé e nem sentimos e por isso sempre magrinhos. Uma vez eu disse para a professora da academia: “-Depois dos trinta o nosso metabolismo desacelera, é mais difícil emagrecer” e ela respondeu: “Quem desacelera somos nós, não vamos nem na padaria a pé, pensa o quanto você se movimentava quando tinha vinte anos.” Confesso que fiquei com vergonha e concordei com ela.
Também tem o ponto de vista econômico, a passagem de metrô custa R$1,75, quanto custaria a gasolina para fazer o mesmo trajeto de carro? Para voltar da aula havia um central direto na porta da Unisinos, a passagem custou R$3,75, menos que o valor do estacionamento da universidade que custa R$4,00. Levei quinze minutos para chegar em casa, cinco minutos a mais que levaria se tivesse voltado de carro e desci praticamente na porta do meu prédio. Sem falar que é muito mais seguro. Quarta-feira passada quando estava indo para aula tranquilamente bateram no meu carro, nada além do susto e danos materiais, mas o que gera um estresse tremendo. Não que não possa ocorrer com o ônibus mas o risco é menor e podemos vir tranquilamente lendo um bom livro, sem a tensão do trânsito e com motorista particular.
Sei que existem vários pontos desfavoráveis para aqueles que são resistentes a ideia, tais como: De carro eu vou e volto a hora que quero e mais rápido ; os transportes públicos estão sempre lotados; Cheiro de sovaco;Coisa de pobre e assim por diante. São apenas desculpas para deixar a preguiça de lado e movimentar-se. Nos países de primeiro mundo o metrô e ônibus são os principais meios de transporte.
Comece, movimente-se, ande de ônibus, trem, metro, bike,nem que seja uma vez por semana. Saia do sedentarismo, desafogue a BR, aprecie a paisagem, leia um bom livro, relaxe os ombros,desapegue-se,economize, compartilhe um sorriso.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Síndrome de Gabriela...

"Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim... Gabriela...Sempre Gabriela”
Quantas vezes repetimos: Eu sou assim e não vou mudar, quem quiser aceitar que aceite.
O fato é que não viemos para esse mundo para agradar os outros. E se tentarmos fazer isso iremos pirar porque nunca conseguiremos agradar a todos. A síndrome de Gabriela pode prejudicar a nós mesmos porque tudo muda o tempo todo e se não nos adaptarmos a mudança fatalmente iremos sofrer. Insistir sempre nos mesmos erros para afirmar que: “Eu sou assim” só trará sofrimento. Não estou dizendo que temos que ser uma metamorfose ambulante ou para corrompermos a nossa essência mas que podemos mudar e melhorar de acordo com as nossas vivências.Segundo o filósofo Heráclito: “Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras.” Para ele Tudo flui e nada permanece; tudo se afasta e nada fica parado. Você não consegue se banhar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras sempre vão fluindo e você já não é o mesmo quando entra no rio pela segunda vez. É na mudança que as coisas acham repouso.
Quantas coisas mudaram desde os anos 80 até aqui, o mundo tecnológico, as brincadeiras das crianças já não são as mesmas, o mercado de trabalho que exige formação superior e há pouco tempo o ensino médio apenas bastava, as concepções de famílias, os tipos de relacionamentos, enfim são infinitas mudanças e como podemos acreditar que somos sempre os mesmos, que não mudamos. Temos que mudar para nos adaptarmos as mudanças.
Certo dia meu irmão falou que as pessoas pioram com o tempo, eu acredito que o processo natural é o aperfeiçoamento da alma. Concordo em partes com ele porque tentamos ter o controle de tudo e se algo não sai como planejado e não adaptamo-nos às mudanças, e não mudamos nossa forma de agir e pensar , tornamo-nos amargos e frustrados. E ao contrário, se aceitamos as mudanças e aprendemos com elas, amadurecemos e evoluímos. Mas tudo gera uma mudança para pior ou para melhor.
Se fizermos uma reflexão: Somos iguais ao que fomos há cinco anos? No meu caso, perdi alguns medos, e obtive outros. Aprendi a controlar meus impulsos, mudei alguns valores, passei a priorizar coisas que antes não tinham importância. Já não sou mais a mesma e essas mudanças aconteceram não porque quis mas porque é um processo natural para acompanharmos todas as mudanças do mundo.

"Tudo muda exceto a própria mudança."Heráclito



quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Experiência e o saber da experiência

Não costumo postar textos que não sejam de minha autoria , mas o texto do autor Jorge Larrosa aborda o contexto da nossa era da informação, por isso fiz uma síntese e espero ter sido fiel a ideia do mesmo.
O autor faz uma abordagem diferente do senso comum ou do que aprendemos como experiência. O senso comum tem como base para experiência aquilo que foi vivido, indiferente do que foi pensado e extraído dessa vivência, ou experimentos científicos, dados empíricos, puramente objetivos. Ele aborda que o excesso de informação e agilidade que tudo acontece hoje,nos impede de vivermos experiências reais, que seria a auto reflexão, a introspecção, aquilo que constrói a nossa subjetividade.Com o excesso de objetividade do mundo moderno, onde o conhecimento técnico é algo utilitarista para e puramente troca monetária, seria paradoxal a construção de uma subjetividade. O objetivo é termos conhecimento, no sentido de informação e opinarmos sobre isso, sem que isso nos provoque uma catarse. É algo imediato, momentâneo e logo passamos para próxima informação, para a próxima opinião sem que isso nos tenha causado nada de experiência. São sentimentos efêmeros e volúveis.
Larrosa enfatiza o poder das palavras nesse processo transformador: “Eu creio no poder das palavras, na força das palavras, creio que fazemos coisas com as palavras e também que as palavras fazem coisas conosco. As palavras determinam nossos pensamentos porque não pensamos com pensamentos, não pensamos de acordo com uma suposta genialidade ou inteligência, mas a partir de nossas palavras. Pensar é dar sentido ao que somos e ao que nos acontece”. Ele afirma que as palavras com que nomeamos o que somos, o que fazemos, o que percebemos e o que sentimos são mais que palavras. Por isso é necessário o controle, saber o significado e silenciar certas palavras.
Ele busca a etimologia da palavra experiência que significa em várias línguas “o que nos passa” e o que nos passa requer percepção, requer silêncio e não opinião. A falta de memória e silêncio são inimigos mortais da experiência. Ao sujeito da era da informação, do estimulo, tudo o excita, tudo o agita, tudo o choca mas nada lhe acontece. O objetivo é ser informante e informado e essa obsessão pelo saber, não traz sabedoria.
O excesso de trabalho também impede a experiência. Não raro, confundimos trabalhar com adquirir experiência. O sujeito moderno além de ser o sujeito informado que opina, e vive em constante movimento, é um ser que trabalha que condiciona o mundo a sua vontade. Esta sempre desejando produzir algo, regular algo. Não podemos parar e por não podermos parar não nos acontece nada, nada nos passa.
Para o autor a experiência requer que algo nos aconteça ou nos toque e isso requer parar: parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, escutar mais devagar; parar para sentir, se ater mais nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, aprender a escutar os outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.
O sujeito da experiência tem paixão, ele sente, sofre, padece e se transforma. Ele é passivo, receptivo, mas não quer dizer que não aja ,um agir calmo e coerente, com sabedoria.
A experiência é uma abertura para o desconhecido, para o que não se pode antecipar nem “pré-ver”, nem “pré-dizer”.
O que posso concluir é que autor relata exatamente o que vejo nas páginas sociais, um tribunal popular onde todos julgam, acusam ou defendem baseados na informação sem qualquer comprometimento se aquilo é verdadeiro ou falso. E puxando a brasa para o meu assado, a filosofia tem exatamente este objetivo, amor à sabedoria, a reflexão, a introspecção, questionar “verdades” prontas. Através do poder das palavras e sua força transformadora ela tem como objetivo incentivar as pessoas a pensarem por si mesmas, por isso, possui mais perguntas do que respostas.
Deixando a opinião de lado, o texto serve para longa reflexão: Será que estamos tendo experiências?


Fonte :
Artigo: Notas sobre a experiência e o saber de
Experiência
Jorge Larrosa Bondía
Universidade de Barcelona, Espanha
Tradução de João Wanderley Geraldi
Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Lingüística

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Para onde vão as pessoas quando morrem?

Ontem fiquei sabendo da morte de um colega da filosofia, muito querido por todos.
Desde 2012, encontrávamos em duas ou três aulas, ou seja, um contato de três vezes por semana. Sabe aquele cara centrado, disciplinado e inteligente.O cara era engenheiro e cursava filosofia por amor ao conhecimento, era um entusiasta nas aulas. Os professores o adoravam. Eu ficava embasbacada quando ele dizia que acordava as 05h30min da manhã para ler os livros indicados pelos professores, depois cumpria sua jornada de trabalho, no final da tarde corria dentro da Unisinos e tranquilamente ia para aula, participava dos debates, pois havia feito a leitura dos textos indicados e não havia nele qualquer sinal de cansaço e pasmem , nos finais de semana participava de maratonas de até 40km. Motivava a todos para participarem das corridas.Nas férias ele aproveitava para iniciar as leituras do semestre seguinte. Eu ficava cansada só de pensar em acordar antes das 07h00 da manhã, cinco minutos de sono é algo que não abro mão, ou seja, eu estava sempre correndo atrás da máquina para fazer todas as leituras e dar conta da faculdade e trabalho e de vez em quando fazer um treininho na academia, se sobrasse tempo, algo que administro muito mau.
Num desses semestres que estudamos juntos , eu estava a beira de um surto psicótico e ele na sua sabedoria percebeu e me perguntou o que estava ocorrendo, eu disse que não estava dando conta de tanta leitura, que meu trabalho estava me exigindo bastante e ele tranquilamente me aconselhou: -“Desacelera, leva a vida mais de boa, não precisa ler o livro inteiro, leia apenas o que vai ser debatido em aula e quando sobrar tempo você lê o restante com calma. Não se cobre tanto.” Fiquei pensando : Nossa! Como ele consegue fazer tanta coisa ao mesmo tempo e manter esta serenidade? Sabedoria que só vem com a maturidade. Ele deveria ter uns 50 anos de idade no máximo. Eu chegava em casa e comentava com o meu marido sobre ele e de como eu gostaria de ser assim, tão disciplinada. Era uma disciplina sem dor, sem cobrança, automática.
No semestre seguinte ao conselho resolvi testar seus ensinamentos e por incrível que pareça, aumentei o numero de disciplinas e meu aproveitamento foi muito maior, apenas desacelerando e me cobrando menos.
No primeiro dia de aula desse semestre , ele não estava, estranhei porque nunca faltava a aula. O professor comentou algo , que ele havia mandado uma mensagem dizendo que estava com um problema no joelho mas que já havia lido cem páginas da leitura indicada para o seminário de Hegel, mesmo hospitalizado.
Sexta-feira a noite havia uns recados no facebook para ele ter força, que logo iria correr mais maratonas. Pensei em ligar me solidarizando e decidi: Segunda-feira eu ligo.
Ontem , segunda-feira, na hora do almoço fiquei sabendo através de um colega sobre seu falecimento, estava almoçando, não consegui mais comer.O estômago embrulhou.
Como assim? Alguém com tanta disposição, um atleta, morrer. Um colega falou que foi câncer de pulmão. Ele não fumava, tinha uma alimentação saudável. Sei lá, vai entender.
Enfim, como já falei em textos anteriores a morte não costuma agendar. Não espere o outro dia para ligar para alguém. Ela é indiferente a todo o nosso cronograma. Não importa quantos livros ainda tenhamos para ler, quantas maratonas nós pretendamos correr, quantos objetivos tenhamos para alcançar. Do colega fica apenas bons exemplos, boas recordações de um sorriso tímido e de um olhar compreensivo, de uma palavra certa.
Para onde vão as pessoas quando morrem?
Espero que ele esteja num lugar bonito e que tenha alguns filósofos para trocar ideias.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A maldade dos Homens...

Pensando em como os Homens podem ser maus,lembrei-me de mais uma história ocorrida na minha infância lá na Chácara de Cristal.
Tem a maldade pela ganância e inveja , tem a maldade por ignorância do bem e tem a maldade por pura maldade mesmo, tem gente que parece gostar de fazer o mau.
Fomos embora do sítio e viemos para Novo Hamburgo porque a paz daquele paraíso acabou.
Vou relatar a história:
Começamos a perceber que alguém ficava escondido atrás de uma pedra, cerca de um quilômetro da casa, praticamente todos os dias, observando nossa rotina, quando tentávamos nos aproximar, o indivíduo saia correndo. Nossa ingenuidade não podia prever o que estava por acontecer.
Certo domingo, fomos passear num dos vizinhos, não lembro qual e quando voltamos alguém havia entrado na casa. Roubaram o velho rádio do meu pai, um par de chinelos e um jogo de lençol. Não era muita coisa, mas algo absurdo, pois nunca soubemos de nenhum roubo nas redondezas. A porta era fechada com uma tranca de madeira, não havia chaves. Não deixou rastros, mas supomos que fosse o indivíduo que vinha rondando a casa.
Não parou por ai, depois desse dia, todas as noites ouvíamos os latidos dos cachorros próximo as estufas, onde ficava o poleiro das galinhas. Todas as noites sumia uma galinha.
Certa manhã um de nossos cachorros amanheceu boiando no açude, quando fomos retirá-lo de lá, estava com as quatro patinhas amarradas com um cinto. Choramos muito, era apenas um filhote da raça Collie. Começamos a ficar apavorados porque percebemos que ele não queria apenas roubar, mas amedrontar. Sabia que ali vivia um Senhor cego, uma Senhora e três crianças. Meu irmão tinha apenas quatorze anos.
O bandido descobriu onde ficava o disjuntor da luz e começou a desligá-lo quase todas as noites, o fato é que ficava cerca de quinhentos metros da casa e meu pai com porrete em punho e minha mãe iam em meio a escuridão religá-lo, correndo risco de serem surpreendidos. Algumas noites ele desligava o disjuntor depois que já tínhamos ido dormir e no outro dia, tudo que havia na geladeira tinha sido perdido.
Quando os cachorros começavam a latir, meu pai dava alguns tiros a esmo, para amedrontá-lo. No entanto isso não intimidou, pelo contrário, as vindas eram mais frequentes. Outra noite, os cachorros latiram muito próximo à porta da cozinha, já não arriscávamos sair para a rua durante a noite, reforçamos as trancas da casa. No outro dia percebemos que havia um pozinho verde em frente a porta da cozinha e as “espertas crianças” e curiosas colocaram água em cima,o liquido escorreu pelo terreiro, só que alguns pintinhos sedentos beberam dessa água e no mesmo instante, morreram.
Estávamos apavorados, não sabíamos o que fazer, percebemos que estávamos lidando com alguém muito mau. E por que nós? Falamos com os vizinhos, ninguém estava sendo roubado. Meu pai passou a manter o revólver próximo a ele, caso houvesse alguma invasão na casa.
Havia um vidente nas redondezas e meu pai, nos momentos de aperto o consultava.O Senhor Valdemar, pegava suas folhas de arruda, colocava em fileira no chão e proferia o que estava por vir; eu apenas observava. Meu pai perguntou sobre o que estava ocorrendo e ele disse:
- A raposa quando for buscar as últimas galinhas, deixará a cabeça.
Lembro-me das palavras como se fosse hoje, não disse nada de concreto, achei a visita em vão. O fato era que meu pai confiava nele, pois quando a égua cabana caiu na sanga ele disse que ela estava viva e que estava no buraco da lavoura de baixo. A égua estava lá de pé, sã e salva. Pensei, mas o que a raposa tem a ver com isso?
Voltamos para casa sem respostas de quem era a criatura que andava fazendo tantas maldades.
O fato é que houve uma trégua de algumas semanas e já estávamos um pouco mais relaxados.
Certa noite, os cachorros começaram a latir incessantemente atrás das estufas, parecia que estavam sendo provocados. Meu pai disse para mim:
-Filha, vai lá e toca um pau nesses cachorros para pararem de latir.
Eu peguei um pau de lenha e sai na rua, mas senti um calafrio muito forte e corri para dentro. Um mau presságio, eu acho.
O Meu irmão tinha ido dormir, era umas nove horas da noite, mas minha mãe o chamou para tomar uma sopa, ele estava meio sonolento. Os cachorros continuavam latindo e meu pai irritado deu a chave do cofre para o meu irmão e disse: - Pega o revólver e dá uns tiros para que os cachorros parem de latir. Deve ser o cachorro do vizinho que está por ai incomodando os outros.
Ele meio contrariado abriu a porta, a luz da rua clareava até o canto da estufa, e ele foi até lá, olhou e disse: - Aqui não tem nada, e virou-se de volta em direção a porta da casa que estava cerca de uns 200 metros.
Nesse momento, ouviu alguém correndo atrás dele, começou a correr também. Minha mãe grita:- Meu Deus, tem um homem lá.
Meu pai fica assustado, eu apavorada, são segundos que parecem eternos.
O Homem tenta puxar a blusa do meu irmão, ele no susto, sem olhar para trás atira, consegue se virar e disparar mais quatro tiros, o homem cai e o meu irmão grita: - Pai, matei um homem
Saímos correndo para a rua e o homem estava lá, estirado no chão, nunca tinha visto aquele homem, conhecíamos todos por ali e ele era a cara do Zé da Brema (minha parteira). Perguntei: - Mãe, parece o Zé da Brema, sabe quem é?
E ela falou: -É o filho do seu Saul, aquele que veio fugido da policia, lá de Porto Alegre.
O homem ainda respirava e meu irmão perguntou: -Pai, termino de matar, ainda tem duas balas. E o pai respondeu: -Não meu filho, esse já era. Foi legítima defesa, fez uma grande coisa, vai ganhar um boizinho por isso.
Os cinco tiros atingiram a cabeça e ele roncava muito alto. Eu estava arrepiada da cabeça aos pés. Parece que um carro arrancou lá da porteira. Será que ele estava sozinho? Perguntamo-nos.
Não tinha telefone, nem condução. Tínhamos que ligar para a polícia e para a ambulância. E dar a noticia a família, gente muito honesta, muito boa mesmo. Faríamos isso no outro dia, precisávamos ligar para a policia do cristal, tinha telefone apenas na venda do Tadeu. Tínhamos que sair dali. Eu e minha mãe fomos lá para a Brema, pedir que alguém fosse até o Tadeu, mas não podíamos revelar a identidade do indivíduo porque se tratava do sobrinho deles, isso explicava a semelhança com o Zé, e não saberíamos qual reação eles teriam. Saímos na escuridão da noite. Quando chegamos à estrada, cada barulho me arrepiava da cabeça aos pés. Meu pai e meu irmão foram para a casa do Senhor Vicente, não podiam ficar ali, não sabíamos se o indivíduo estava sozinho.
Ouvimos a sirene da ambulância lá pelas três da madrugada. No outro dia, ouvimos na Rádio Farroupilha que um indivíduo do interior de Cristal havia sido internado no Hospital de Porto Alegre com cinco tiros, sem mais detalhes. Ficamos com medo de que ele sobrevivesse e voltasse para se vingar. Ele morreu dez dias depois.
Fico pensando, se ele tivesse tomado a arma do meu irmão, acredito que eu não estaria aqui para contar a história, ele teria matado todos nós.
Logo que amanheceu meu pai foi pessoalmente contar para o Sr. Saul o que havia ocorrido na noite anterior e todas as atrocidades que vinham acontecendo no nosso sítio. O pobre Senhor envergonhado pediu desculpas de cabeça baixa, estava muito envergonhado pelo que o filho fizera. Havia dado abrigo para o filho e a família, na velha estufa de fumo, depois que ele havia fugido de Porto Alegre foragido da policia e prometido de morte por bandidos. O mais triste é que ele tinha uma família, quatro filhos pequenos e uma mulher. O que não entendemos até hoje, como pode fazer tão mau a nós, a ele e a própria família?
A raposa havia ido buscar as duas últimas galinhas que restavam no poleiro e deixou a cabeça. Só então, entendi a metáfora.
Logo depois do sepultamento do filho, apesar da dor e da vergonha, O Senhor Saul apareceu lá em casa levando embaixo do braço o rádio, o lençol e o chinelo que o filho havia roubado e mais algumas coisas que não tínhamos notado a falta. Mostrou o quanto era humilde e honesto e não entendia como seu filho havia se corrompido, fora criado com todo amor, tinha tudo; Digo tudo que se necessita, não quer dizer tudo que se quer. Mas o necessário deveria bastar. Havia criado mais quatro filhos, todos honestos e trabalhadores, apenas um havia se corrompido. Fico questionando: Até onde um pai pode interferir no caráter de um filho?

AMARAL,Janice

quarta-feira, 23 de julho de 2014

O Delator.


Ele chegou sorrateiramente. De repente ele estava ali em meio a floresta negra, paquidérmicamente ali; estaqueado, duro, teso e brilhante. Destacava-se dos demais e causou-me estranheza.
O que ele estava fazendo ali? O primeiro ímpeto foi arrancá-lo, espedaçá-lo e pisoteá-lo, atear fogo talvez . Desisti porque dizem as más línguas que a partir deste momento, ele volta com mais força, multiplica-se feito erva daninha.
Esse vilão cruel , muitos já tiveram a oportunidade de conhecer, outros ainda não, mas com certeza esse dia chegará. Para uns ele chega um pouco antes , para outros pode demorar um pouquinho: O primeiro fio de cabelo branco.
A sua presença foi um choque de realidade. Eu com alma de menina deparei-me com o meu delator. Ele veio alertar-me de que o tempo passou . Que daqui para frente tudo mudaria e que muitas coisas já haviam mudado e eu nem percebi. Afinal de contas, vivo comigo todos os dias. Quantas marcas de expressão já devem ter aparecido e gordurinhas protuberantes.
Entendi que o corpo se modifica mas o sorriso de moleca e os sonhos de adolescente estão vívidos . Não percebi a passagem do tempo mas conclui que a alma não envelhece nunca.
AMARAL, Janice

terça-feira, 22 de julho de 2014

Insônia


Deitei na cama, virei para um lado, virei para o outro lado e assim sucessivamente. Deitei de costas. Abri os olhos e só vi a escuridão.
Estranho. Muito estranho. Quando eu era criança tinha medo de abrir os olhos, dormia sempre com alguma luz acesa. Tinha medo de me deparar com alguma criatura estranha ao lado da cama e confesso até pouco tempo tinha esse hábito.
Com os olhos abertos na escuridão, fiquei pensando, como deve ter sido triste para o meu pai permanecer na escuridão durante quinze anos. Como a sensação que tive por alguns minutos,só que durante todo tempo, exceto quando sonhava.
Certo dia ele disse: -“Gosto de dormir, porque nos meus sonhos eu consigo enxergar, tudo tão claro, tão nítido. Vejo os rostos, as pessoas sorrindo, os lugares que já percorri e lugares que desconheço”.
Será que a alma tem olhos?
Nesse caso o Gênio Maligno de Descartes o enganaria ao fazê-lo pensar que havia voltado a enxergar, enquanto apenas sonhava.
Pensando assim, consigo admirar ainda mais aquela figura, minha figura paterna, que tenho em minha mente guardada. Um Homem que nunca desistiu de voltar a enxergar e não permitia que sentissem pena dele. Certo dia duas senhoras chegaram lá em casa para profetizar e foram conversar com ele que estava sentado ao lado da velha casa, tomando sol, elas se aproximaram e o cumprimentaram e quando perceberam que ele não podia vê-las elas ficaram surpresas e disseram: -“Coitadinho, ele não enxerga.” E ele mais que de pronto respondeu: “-Eu não sou coitadinho, eu sou feliz por estar vivo e por poder sustentar minha família, não peço e nem vou pedir esmola para ninguém”. Elas ficaram envergonhadas, se desculparam e foram embora. A resposta foi um pouco rude mas demonstrou toda a sua hombridade.
No início ele ficou muito revoltado com a essa perda irreparável, aos poucos foi se adaptando. Continuou com seus afazeres. Consertava as cercas de arame, pregava algumas tábuas que se desprendiam da parede da velha casa. Acredite mesmo cego ele conseguia pregar sem martelar seus dedos, apenas com a habilidade do tato. Prendia as éguas na charrete e saia para fazer suas negociações. Trocava o excedente da produção por outras mercadorias que não produzíamos na chácara. Saia com sacas de laranja e voltava para casa com sacos de cebola, batatas.
Quanto a sua memória fotográfica,algo fora do comum. Os olhos da alma o guiavam, falando poeticamente. Cientificamente possuía uma excelente memória, apurou os sentidos e assim por diante...
Quando ele faleceu estava com medo de vê-lo num caixão, porém quando o vi, ele estava com um sorriso lindo, parecia que estava sonhando. Acredito que tenha voltado a enxergar. Isso aliviou meu coração.
Quando li Ensaio sobre a Cegueira, romance de José Saramago, fiquei encantada, pois autor nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam".
“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”.
Muitas vezes, reparamos apenas a vida alheia.




segunda-feira, 9 de junho de 2014

Paradóxos

Quando eu era criança os dias eram intermináveis e divertidos;
Os finais de semana pareciam verdadeiras odisseias, infindáveis e deliciosos;
O Natais e as Páscoas eram as datas mais esperadas para comemorar e reunir a família e como custava para chegar;
E a única coisa que queríamos era ser gente grande;
Gente grande para poder trabalhar;
Gente grande para poder namorar;
Gente grande para sair da casa da mãe;
Hoje, gente grande sou eu ( nem tanto assim rsrs) e o tempo voa;
Num piscar de olhos o final de semana passa;
O mês passa;
O ano passa;
A Páscoa chega e é apenas mais um dia;
O Natal chega em outubro com suas propagandas do”bom velhinho” e logo passa;
Tudo o que queremos, ás vezes, é um dia de folga do trabalho
Uma folga do namorado (a) e correr para o colo da mãe...
E ai vem alguém e diz: "Até uva passa".(Putz)

AMARAL.Janice

Idiossincrasias


Entre o foco e a cegueira há uma linha tênue;
Entre a sanidade e loucura apenas um fio;
Entre o amor e o ódio uma linha indivisível;
Entre a alegria e a dor apenas um acontecimento;
A racionalidade e a irracionalidade são indissociáveis;
A bondade e a maldade depende da interpretação;
O SIM pode ser mau;
O NÃO pode ser bom;
O Ateu pode amar DEUS e o
O crente pode apenas temê-lo...
Eu temo apenas a maldade dos HOMENS
AMARALJanice

sábado, 31 de maio de 2014

Bebum

Primeira Heinneken
Ei psiu, moça:
- Por favor um sanduíche de nada.
Como:
-Um sanduíche de nata? Questiona a atendente
-Ufa, você não entende nada mesmo, eu falei nata.

Terceira heinneken
- Me dá um gato, por favor!
- Um petit gatô Senhora?
- Sim eu Peti Gato...
kkkk Que m...
Todos nós temos nossos monstros internos,porém alguns mantêm eles presos o tempo inteiro e outros os soltam de vez em quando...JA
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O MEU conceito de Angústia.


É uma aflição, inquietação interna, sem justificativa aparente , esta tudo bem e você esta sentindo falta de sei lá o que e suspira inúmeras vezes; pensa que tem tudo ou quase tudo que NECESSITA para ter uma vida plena, mas mesmo assim insiste em suspirar e questiona: O que é vida plena? Sei lá, para que preciso saber isso? Que mania absurda de conceituar tudo, de entender tudo. Nem tudo é para ser entendido, nem tudo pode ser sabido ou mesmo conceituado.
Benditos sejam os ignorantes , esses não sofrem porque simplesmente não querem saber o significado de tudo nem os seus porquês.
E os sabidos de plantão que tentam entender algo e acham que entendem alguma coisa, a única coisa que passam a entender é que não entenderam NADA.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Planos

Qual o seu plano para daqui um ano?
Qual o seu plano para os próximos cinco anos?
Qual o seu plano para a sua velhice?
Se houver um plano ou vários planos, traçamos metas. E talvez um plano B, C, D, E, caso os planos anterior não tenham êxito;
Por que sempre temos que fazer planos?
Por um lado, é importante fazermos planos, estabelecer metas porque dessa forma conseguimos priorizar as coisas, mantemos o foco e nos motivamos a acordar cedo todos os dias.
Por outro lado, quando planejamos temos em mente que aquilo que planejamos tem que acontecer de determinada forma e não de outra. E se for diferente do que planejamos, frustramo-nos. Isso gera sofrimento, angústia ,cobranças internas e , por vezes, cobranças externas.
O fato é que não temos como viver sem planejamento, no entanto, precisamos ponderar para evitar sofrimentos tendo a consciência de que não temos controle sobre tudo, e se não der certo algo que planejamos, por mais que tenhamos batalhado para isso, devemos tentar de novo ou partir para o plano B .

AMARAL, Janice

Friozinho bom!


Chegou o friozinho e com ele vêm os cachecóis, os casacos, as botas, os chapéus e demais adornos;
As pessoas ficam mais charmosas e elegantes;as mulheres mais femininas...
A maquiagem dura o dia inteiro;
Sentimo-nos mais animados;
O inverno aflora o romantismo: Serra, lareira,vinho e fondue ;
Marisa Monte, folhas caindo, chuva na vidraça;
Copa do Mundo, pipoca, cobertor no sofá, dormir agarradinho;
Comida quentinha, sopa e até um cineminha, tudo tem mais sabor...
Um bom livro na varanda , chimarrão fumegando para aquecer o coração;
Seja bem-vindo friozinho acolhedor.
AMARAL,Janice

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Interessante

Interessante: Algo que desperta curiosidade, que chama a atenção.
Uma coisa interessante é o interesse que temos pelas coisas interessantes.
Utilizamos essa palavra como adjetivo, interjeição ou mesmo na falta do que dizer.
Podemos utilizar das seguintes formas:
- Hum interessante isso! Quando ainda não tenhamos pensado no assunto ainda;
-Interessante aquela pessoa! Quando ainda não temos uma opinião sobre ela;
Interessante no sentido de intrigante, algo que desconhecemos.
A palavra interessante pode ser usada genericamente e em vários sentidos, mas que normalmente empregamos quando não temos uma definição ou conceito para algo.
Quando digo que algo é interessante, não quero dizer que gosto desse algo, apenas que desperta meu interesse momentâneo e esse interesse pode ser perdido a partir do momento que passo a conhecer esse algo com certa propriedade.
Interessante isso, não é?
Então cuidado quando alguém diz que você é uma pessoa interessante.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Ambição e ganância

Tenho pensado muito sobre minhas ambições e descobri que não são muitas, são modestas, no entanto, elas que movimentam a vida.
Li essa semana a grande diferença entre ambição e ganância, e descobri: Não sou gananciosa.
Segue abaixo as definições:"O conceito de ambição será para a nossa compreensão, atitude ética orientada para realizar e atingir metas e objetivos altamente significativos. Derivada do latim a expressão que deu origem à palavra ambição tratava da ação de cercar por todos os lados as possibilidades de alcançar elevada condição. Conceito de ganância: “Atitude [imoral] orientada para a obtenção de ganho abusivo e antiético. [ganância significa: ambição de ganho; ganho ilícito; usura. Ambição desmedida) origem latina da palavra remete a agiotagem, usura (empréstimo de dinheiro a juros altos).
Jamais faria outra pessoa de trampolim para conquistar meus objetivos e muito menos utilizaria métodos ilícitos para consegui-lo.
Objetivos e ambições: Formar-me em filosofia, fazer um mestrado? Quem sabe? Uma casa no campo para obter uma velhice segura, longe desse barulho e correria. viajar muito, conhecer o mundo. Muitos lugares que quero conhecer, muitos sabores que quero experimentar. Quando era mais jovem e um pouco idealista pensava que ambição era capitalismo, mas hoje com um pouco mais de maturidade vejo que são sonhos. Já conquistei várias coisas: A casa significa o meu refúgio particular onde eu posso ser eu mesma e se for sua, pode pintar, quebrar, deixá-la com a sua cara. Um carro significa liberdade para ir e vir, não ficar horas esperando um ônibus e não depender de carona significa voltar para casa a hora que quiser. Para ser um idealista, um filósofo você precisa comprar livros, pagar a faculdade e para tudo isso precisamos apenas de um detalhe: Dinheiro.
O dinheiro desde sempre gerou muitos conflitos, guerras, separações de familias, pais que nunca mais falaram com seus filhos e filhos que renegaram seus pais, embora nesses casos, tudo ocorre pela ganância desmedida, onde o dinheiro não é apenas para realizar sonhos mas para mera demonstração de poder e jogo de ego.
E para finalizar minha reflexão usarei uma frase clichê: Quando morremos não fica a lembrança do que tivemos e sim de quem fomos.
No leito de morte as pessoas não lembram de quanto dinheiro deixaram de ganhar e sim de quantas pessoas deixou de abraçar e dizer eu te amo.