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quarta-feira, 23 de julho de 2014

O Delator.


Ele chegou sorrateiramente. De repente ele estava ali em meio a floresta negra, paquidérmicamente ali; estaqueado, duro, teso e brilhante. Destacava-se dos demais e causou-me estranheza.
O que ele estava fazendo ali? O primeiro ímpeto foi arrancá-lo, espedaçá-lo e pisoteá-lo, atear fogo talvez . Desisti porque dizem as más línguas que a partir deste momento, ele volta com mais força, multiplica-se feito erva daninha.
Esse vilão cruel , muitos já tiveram a oportunidade de conhecer, outros ainda não, mas com certeza esse dia chegará. Para uns ele chega um pouco antes , para outros pode demorar um pouquinho: O primeiro fio de cabelo branco.
A sua presença foi um choque de realidade. Eu com alma de menina deparei-me com o meu delator. Ele veio alertar-me de que o tempo passou . Que daqui para frente tudo mudaria e que muitas coisas já haviam mudado e eu nem percebi. Afinal de contas, vivo comigo todos os dias. Quantas marcas de expressão já devem ter aparecido e gordurinhas protuberantes.
Entendi que o corpo se modifica mas o sorriso de moleca e os sonhos de adolescente estão vívidos . Não percebi a passagem do tempo mas conclui que a alma não envelhece nunca.
AMARAL, Janice

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Sentimentos sao para serem expostos