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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Na contramão…

Ando anestesiada observando o caos que estamos vivendo em nossa sociedade, inerte. Falamos em progresso da sociedade, mas achamos insignificante o autodesenvolvimento, a autorreflexão. Tudo me parece muito raso, a maioria não quer saber de “textão”. É preferível frases prontas e curtas e delas tiram suas próprias conclusões. E lógico, nada pode ser contrário ao que pensam. Afinal, a opinião é que vale. Será?
As redes sociais deram voz para pessoas que se aprofundam em nada, não pesquisam um ponto vista contrário aos seus, em livros, artigos científicos de pessoas que dedicaram a vida pesquisando determinados temas, afinal para que serve a ciência, se posso montar minha própria tese baseado no achismo? E para que ler se já tenho uma opinião? Porque opinião não é conhecimento. Senso comum não é conhecimento. E por tudo ser muito raso, quando acaba o argumento, começam os ataques pessoais. O importante é ter “RAZÃO”, nosso ego precisa vencer a disputa, não há uma troca de conhecimentos, uma busca pela verdade, um ponto comum, um consenso.
Vejo tanta intolerância em pleno Século XXI, tantas coisas bizarras, palavras agressivas. Rasgaram os livros de história, cuspiram na cara dos filósofos, humilham os professores, pisoteiam nos miseráveis, oprimem os “diferentes”. Tiraram as máscaras da falsa polidez, do politicamente correto, soltaram seus monstros internos. A ignorância vem vencendo o conhecimento. E a ignorância tem seguidores fanáticos, disfarçados de pessoas de bem. E há quem dirá que isso é papo de comunista, sem ao menos pesquisar o conceito dessa palavra.
Enquanto isso, eu ando na contramão, com medo de ser esmagada pela multidão cega, surda, mas que tem voz. Desvio, cambaleio e sigo em frente.
Creio que a única forma de mudar esse contexto é através da educação e a mesma vem sendo desmantelada. Professores sem voz, escolas sucateadas, universidades desmoralizadas por pessoas que nunca, se quer, frequentaram uma universidade. Será que isso tem algum propósito? Tire suas próprias conclusões.
Enfim, esse é apenas um ponto de vista, o ponto de vista reles professora de filosofia com insônia pensando sobre : O que será do nosso futuro?

AMARAL, Janice